Teori inclui mais provas
na denúncia contra Lula
O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no
Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a inclusão de mais provas no
inquérito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suspeita de participar
da trama para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Os
novos elementos surgiram a partir da delação premiada do ex-senador Delcídio
Amaral (sem partido-MS) e reforçam a tese de que Lula tinha relação estreita
com o banqueiro André Esteves. Os três já foram denunciados no inquérito.
O pedido para a inclusão desse trecho da delação de
Delcídio no inquérito foi feito em abril pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot. Segundo o depoente, Esteves é um dos principais financiadores do
Instituto Lula. No documento, procurador-geral se mostra convencido do
“relacionamento estreito entre André Esteves e o Instituto Lula”.
Janot esclarece que o fato isoladamente não constitui
crime. Entretanto, “o contexto das doações é extremamente relevante para
algumas investigações em curso, tanto em relação ao ex-presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva (especialmente a que trata de possível prática de
crime de lavagem de dinheiro envolvendo o pagamento de suas palestras), quanto
a relacionada à própria organização criminosa do caso Lava Jato”.
As informações do depoimento de Delcídio também passarão
a integrar o maior inquérito da Lava-Jato no STF, em que 39 pessoas já são
investigadas e outras 30 devem entrar em breve, inclusive Lula. Teori também
determinou que o termo de colaboração seja enviado a um inquérito que com o
juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava-Jato na primeira instância em Curitiba. O
inquérito tem objetivo de “apurar possível crime de lavagem de dinheiro
envolvendo o pagamento por parte de empresas de palestras de Luiz Inácio Lula
da Silva, por meio do Instituto Lula”, segundo Janot.
Além de Lula, Esteves e Delcídio, foram denunciados no
inquérito sobre a compra do silêncio de Cerveró Diogo Ferreira, que era chefe
de gabinete de Delcídio; o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró; o
pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai.
Na mesma decisão, Teori enviou para o juiz Sérgio Moro
indícios de irregularidades relacionadas ao embandeiramento dos postos BR do
grupo empresarial de Carlos Santiago e André Esteves. Agora, além de ser alvo
de inquérito no STF, Esteves será investigado também na primeira instância.
Na delação, Delcídio diz que houve pagamento de propina
na negociação envolvendo o embandeiramento de postos BR em São Paulo, no qual o
Banco BTG era sócio do empresário Carlos Santiago. O delator também disse que
Esteves e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mantêm
negócios escusos envolvendo a apresentação de emendas parlamentares nos textos
de medidas provisórias.
Fonte: O Globo
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