Sergio Moro afirma que não era José Dirceu
Em sentença de 266 páginas que condenou o ex-ministro
José Dirceu (Governo Lula) na Operação Lava Jato a 23 anos e 3 meses de prisão,
o juiz federal Sérgio Moro não reconheceu ‘o papel de liderança’ do petista na
organização criminosa que se instalou na Petrobrás. Os procuradores da
força-tarefa da Lava Jato sustentaram na denúncia contra Dirceu “no núcleo
político da organização criminosa”, o ex-ministro “ocupava papel de
destaque” e foi beneficiário final de valores desviados, além de ser um dos responsáveis
pela criação do “complexo esquema criminoso praticado em variadas etapas e que
envolveu diversas estruturas de poder, público e privado”.
No entanto, Moro concluiu. “Não entendo, como argumentou
o Ministério Público Federal, que o condenado dirigia a ação dos demais
políticos desonestos, não estando claro de quem era a liderança.”
No capítulo em que condenou Dirceu por ‘crime de
pertinência à organização criminosa’ a quatro anos e um mês de prisão, o juiz
da Lava Jato não reconheceu o ex-ministro como ‘comandante do grupo criminoso,
pelo menos considerando-o em toda a sua integralidade (empresários,
intermediários, agentes públicos e políticos)’ – por isso, Moro deixou de
aplicar a agravante prevista no artigo 2.º, parágrafo 3.º da Lei 12.850/2013
(Lei que define organização criminosa).
O juiz da Lava Jato concluiu que a organização da qual
Dirceu teria feito parte não se compara à máfia. “Considerando que não se trata
de grupo criminoso organizado de tipo mafioso, ou seja, com estrutura rígida e
hierarquizada, o que significa menor complexidade, circunstâncias e
consequências não devem ser valoradas negativamente. Motivos de lucro são
inerentes às organização criminosas, não cabendo reprovação especial.”
Agência Estado
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