O roto falando do descosido!
Gosto muito de falar em São Gabriel, pois foi lá que nasci
me criei e aprendi uma série de ditados e expressões que comprovam o acerto de
quem as criou. A sabedoria popular é pródiga em dizer o que muitos pensam, mas
não falam.
Ontem, quando estourou a informação sobre as conversas
gravadas entre Romero Jucá, Ministro do Planejamento, e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro,
logo fiquei pensando numa expressão que ouvia muito na minha terra.
Durante meses ouvimos de tudo sobre ações indignas
praticadas por governistas, acusados de corruptos e responsáveis por tentar
impedir que a corrupção fosse devidamente investigada no Brasil. Tinham razão,
em alguns casos.
Ao mesmo tempo, quem fazia parte do governo, tentava
mostrar que do outro lado também havia corrupção e muita gente envolvida até os
fios de cabelo num mar de lamas nunca visto na nossa história.Cada um buscava argumentos mais fortes para tentar
incriminar os adversários.
O que se viu, felizmente, foi a clareza de um juiz,
em Curitiba, que comandou a maior caça aos corruptos no Brasil. Sem olhar lado
nem cores partidárias, Sergio Moro mandou para a cadeia políticos e empresários
considerados intocáveis.
A história, como todos sabem, acabou num processo de
impeachment que levou ao afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e que
colocou seu vice, Michel Temer (PMDB) na principal cadeira do Palácio do
Planalto.
Dito e feito. Se no governo anterior haviam muitos
ministros indiciados na Operação Lava Jato, não foi diferente quando da escolha
de Temer por seus auxiliares. Sete dos ministros nomeados, respondiam e
respondem por algum tipo de acusação nas investigações da Polícia Federal em
Curitiba.
Com Romero Jucá, pego numa gravação com Sérgio Machado,
sugerindo uma interferência na Operação Lava jato, aconteceu exatamente o que
seus pares condenavam nos políticos que estavam no governo. Aquilo que denunciavam,
era o que praticavam.
Jucá tentou, de todas as formas, dizer que não disse o
que disse, que falava de outra etapa, que se referia ao caos econômico e coisa
e tal. Não adiantou. As evidências estavam ali, nas gravações divulgadas pela
Folha de São Paulo, que já não sei se ainda faz parte da mídia golpista ou não.
No final da tarde, Romero Jucá anunciou que se licenciaria do cargo. Foi a maneira
honrosa de dizer que estava renunciando.
Michel Temer, se realmente quer ser um presidente que
tenha o respeito dos brasileiros, que quer mostrar honestidade e tentar tirar o
Brasil do caos em que se encontra, graças aos desmandos e mentiras do governo
anterior, tem que ser firme e decidido, não permitindo que assessores seus
figurem entre aqueles que se tornaram conhecidos pelo envolvimento em algum
tipo de corrupção.
A exoneração dos indiciados deve ser questão de honra para o
presidente em exercício, caso contrário, vai figurar entre aqueles que como se
diz lá em São Gabriel, não passam do roto falando do descosido!
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