João Santana admite caixa dois, mas diz que
não sabe origem do dinheiro no exterior
não sabe origem do dinheiro no exterior
Foto: ParanáPortal |
Guru das campanhas políticas do PT, o marqueteiro João
Santana admitiu nesta quinta-feira, em depoimento à Polícia Federal, que não
declarou dinheiro recebido de candidatos e disse que os recursos encontrados
pelos investigadores da Operação Lava Jato em contas secretas no exterior são
pagamentos por trabalhos eleitorais em países como Argentina, Panamá e Angola.
Na tentativa de desqualificar as acusações de lavagem de dinheiro, o
publicitário declarou que não sabia a origem dos milhões de dólares repassados
às suas contas - dinheiro que, diz o Ministério Público, foi desviado do
esquema de corrupção instalado na Petrobras. Para os investigadores não há
dúvida: João Santana e a mulher, Mônica Moura, sabiam da "origem
espúria" do dinheiro que escondiam no exterior. Santana também negou
qualquer relação com o apelido Feira, encontrado na agenda de Marcelo
Odebrecht.
"O indício que a gente tem de que João Santana e
Mônica sabiam da origem do dinheiro é que eles trataram especificamente no caso
dos desvios do Zwi Skornicki com uma pessoa que era representante e operador de
propina na Petrobras", disse o delegado Filipe Pace. Para o advogado Fabio
Tofic, porém, desde o escândalo do mensalão, quando o então publicitário Duda
Mendonça admitiu ter recebido dinheiro da campanha do PT no exterior,
marqueteiros não estariam mais recebendo pagamentos de contas de campanhas
brasileiras fora do país.
"Eles dizem que nunca suspeitaram e por ora
continuam acreditando que nenhum desses recursos tenha qualquer relação com
crimes cometidos no Brasil ou fora do Brasil. Se eles soubessem que qualquer
desses recursos recebidos nos exterior de campanhas no exterior tivesse relação
com algum crime certamente se recusariam a receber. Ninguém é maluco",
disse o defensor. "Eles não têm como saber de onde vem o dinheiro que os
paga lá fora", resumiu.
"O que eles dizem é que a profissão e a atividade
deles são complicadas nesse aspecto [financeiro], principalmente em alguns
países. Aqui, depois do famigerado mensalão, essa prática foi acabada porque as
pessoas se conscientizaram e ninguém tem coragem de fazer isso aqui. Você acaba
recebendo nas suas contas, mas não tem como saber quem está te pagando. Você
tem como identificar o valor recebido e saber que o cliente quitou a dívida que
tinha. É muito difícil para quem precisa receber os valores, precisa pagar os
seus fornecedores e funcionários ficar fazendo uma ampla investigação para
saber de onde vieram esses valores, principalmente quando se trata de
transações internacionais", completou o advogado.
Foto: Gazeta do Povo |
"Mônica confirmou que houve alguns pagamentos que
foram feitos pela empresa Odebrecht em relação a uma campanha no exterior, mas
o João não sabe disso. O João é um criador. Ele não trabalha com questão
financeira, com questão bancária. Ele tinha pouco conhecimento de como eram
feitos os pagamentos e de como eram os recebimentos", alegou o advogado do
casal.
Conforme
revelou a revista VEJA, depois do repasse de documentos encontrados
em fevereiro de 2015, durante a nona fase da Operação Lava Jato, investigadores
detectaram indícios de que subsidiárias da empreiteira Odebrecht repassaram
dinheiro a contas no exterior controladas por João Santana. VEJA também mostrou
que, ao analisarem o material apreendido ainda na nona fase da Lava Jato, os
investigadores encontraram uma carta enviada em 2013 pela esposa de João
Santana, Mônica Moura, ao engenheiro Zwi Skornicki com as coordenadas de duas
contas no exterior. Sócia do marido, Mônica indicava uma conta nos Estados
Unidos e a outra na Inglaterra para os depósitos.(Com Veja/Conteúdo)
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