Moro diz que está decepcionado
Responsável pela condução da Operação Lava-Jato em primeira instância, o
juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, disse nesta
segunda-feira estar “decepcionado” com a falta de respostas institucionais do
Congresso Nacional e do governo federal para os problemas decorrentes da
corrupção no país, apesar do impacto das revelações da Lava-Jato e das
manifestações contra corrupção ocorridas no início do ano. A afirmativa foi
feita durante palestra do juiz no IX Fórum da Associação Nacional de Editores
de Revistas (Aner), realizado em São Paulo.
— O processo (da Lava-Jato) tem ido bem, mas não posso assegurar o dia
de amanhã. Do ponto de vista de iniciativas mais gerais contra a corrupção,
existe um deserto. Parece que a operação Lava-Jato, nessa perspectiva, é uma
voz pregando no deserto — disse o juiz, que desde o início do ano defende, em
parceria com a Associação de Juízes Federais (Ajufe), uma série de reformas
legislativas para diminuir a impunidade e melhorar procedimentos de combate à
corrupção no país.
Para Moro, só as reformas necessárias permitirão que investigações como
a Lava-Jato não sejam tratados como “casos extraordinários”, mas “de maneira
ordinária nas cortes de Justiça”.
— Não vai ser a Lava-Jato que vai resolver os problemas da corrupção no
Brasil, não vou ser eu, não foi a Ação Penal 470 (conhecida como ação do
mensalão); é o que nós, como cidadãos, vamos fazer a partir de agora. E para
isso precisamos ter uma melhora nas nossas instituições e eu, sinceramente, não
vejo isso acontecendo de maneira nenhuma — lamentou.
Moro lembrou que no início do ano o governo lançou projetos
“interessantes, ainda que tímidos” de combate à corrupção, quando se encontrava
em “quadro político delicado”.
— Nunca mais ouvi falar — criticou o juiz. (Agência Globo)
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