terça-feira, 15 de setembro de 2015

Presidente da UTC

'Sem propina, assinaria a 
sentença de morte da empresa'

Foto: FolhaPress
Presidente da UTC Engenharia, o engenheiro Ricardo Pessoa disse nesta terça-feira, em depoimento à CPI da Petrobras, que desembolsou propina ao longo de anos no escândalo do petrolão porque, na época do repasse de dinheiro sujo a diretores da Petrobras, avaliava que, se não pagasse, assinaria a "sentença de morte" da empreiteira. Pessoa é um dos delatores da Operação Lava Jato e, conforme revelou VEJA, detalhou o envolvimento de pelo menos 18 políticos e revelou que pagou 7,5 milhões de reais à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Ricardo Pessoa fez uma exposição inicial aos parlamentares, mas na sequência disse que se recusava a responder a indagações dos parlamentares. Foi questionado, por exemplo, sobre doações a 27 partidos políticos, mas não respondeu.

No relato que fez sobre o envolvimento dele e da UTC no petrolão, o empreiteiro disse que "para a UTC crescer, estava claro que tínhamos que contribuir financeiramente".

"Não achava justo e nem estava disposto a impedir que a trajetória vitoriosa [da UTC] fosse interrompida. Todo empresário sabe: pagar uma vantagem a alguém pode não render nenhum benefício. Recusar-se a fazê-lo ou denunciar quem pediu a vantagem pode trazer consequências danosas. As coisas se complicam quando aqueles que pedem a vantagem controlam postos de comando do seu principal cliente", afirmou o delator em referência aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque.

"Não quero me vender aqui como herói. Esse papel não me cabe. Tive a oportunidade de não pagar quando me cobraram o primeiro vintém. Só que em vez disso aquiesci e paguei", declarou. "Não queria correr o risco de ver as coisas mudarem. Com o tempo, as regras eram aplicadas de forma tão automática que, embora não gostasse, aquilo seguia de forma quase natural.

Um dia fiquei pensando o que aconteceria na vida real se adotasse o caminho inverso, se comparecesse a uma delegacia para denunciar. Na visão que eu tinha à época, isso significaria assinar sentença de morte da minha empresa", disse.

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