'Sem propina, assinaria a
sentença de morte da empresa'
Foto: FolhaPress |
Presidente
da UTC Engenharia, o engenheiro Ricardo Pessoa disse nesta terça-feira, em
depoimento à CPI da Petrobras, que desembolsou propina ao longo de anos no
escândalo do petrolão porque, na época do repasse de dinheiro sujo a diretores
da Petrobras, avaliava que, se não pagasse, assinaria a "sentença de
morte" da empreiteira. Pessoa é um dos delatores da Operação Lava Jato e,
conforme revelou VEJA, detalhou o envolvimento de pelo menos 18 políticos e
revelou que pagou 7,5 milhões de reais à campanha à reeleição da presidente
Dilma Rousseff.
Ricardo
Pessoa fez uma exposição inicial aos parlamentares, mas na sequência disse que
se recusava a responder a indagações dos parlamentares. Foi questionado, por
exemplo, sobre doações a 27 partidos políticos, mas não respondeu.
No
relato que fez sobre o envolvimento dele e da UTC no petrolão, o empreiteiro
disse que "para a UTC crescer, estava claro que tínhamos que contribuir
financeiramente".
"Não
achava justo e nem estava disposto a impedir que a trajetória vitoriosa [da
UTC] fosse interrompida. Todo empresário sabe: pagar uma vantagem a alguém pode
não render nenhum benefício. Recusar-se a fazê-lo ou denunciar quem pediu a
vantagem pode trazer consequências danosas. As coisas se complicam quando
aqueles que pedem a vantagem controlam postos de comando do seu principal
cliente", afirmou o delator em referência aos ex-diretores da Petrobras
Paulo Roberto Costa e Renato Duque.
"Não
quero me vender aqui como herói. Esse papel não me cabe. Tive a oportunidade de
não pagar quando me cobraram o primeiro vintém. Só que em vez disso aquiesci e
paguei", declarou. "Não queria correr o risco de ver as coisas
mudarem. Com o tempo, as regras eram aplicadas de forma tão automática que,
embora não gostasse, aquilo seguia de forma quase natural.
Um dia fiquei
pensando o que aconteceria na vida real se adotasse o caminho inverso, se
comparecesse a uma delegacia para denunciar. Na visão que eu tinha à época,
isso significaria assinar sentença de morte da minha empresa", disse.
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