PF pede ao STF para ouvir Lula
A Operação Lava Jato
da Polícia Federal nunca esteve tão perto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Documento assinado pelo delegado Josélio Azevedo Sousa solicita ao
Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente seja ouvido nas
investigações do propinoduto armado para assaltar a Petrobras.
Conforme o documento,
o ex-presidente pode ter sido "beneficiado pelo esquema em curso na
Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu
governo". O pedido da Polícia Federal é em parte amparado nos depoimentos
do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa e do ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco. O
primeiro passo do Supremo agora será submeter o pedido à análise do procurador-geral
da República, Rodrigo Janot.
Além de Lula, a
Polícia Federal pede para que sejam ouvidos, entre outros, os ex-presidentes da
Petrobras José Sergio Gabrielli e José Eduardo Dutra, o ex-tesoureiro da
campanha de Dilma em 2010 José de Filippi Junior, os ex-ministros Ideli
Salvatti, Gilberto Carvalho e o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, ele próprio
um dos presos pela Operação Lava Jato. No caso de Gabrielli, a PF chega a dizer
que "é improvável que um esquema dessa envergadura funcionasse sem o
conhecimento e a anuência do responsável máximo da companhia".
O pedido para que o
petista seja ouvido faz parte de um dos inquéritos da Operação Lava Jato em que
são investigados, entre outros, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o ex-tesoureiro do PT João Vaccari
Neto e parlamentares.
"Atenta ao aspecto político dos
acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da
apuração dos fatos a pessoa do então presidente da Republica Luiz Inácio Lula
da Silva, que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido
beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para
seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de
apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida
estatal", diz a PF.
Para embasar o pedido, o delegado cita a
delação premiada em que o doleiro Alberto Youssef confirma que Lula e
integrantes do Palácio do Planalto tinham conhecimento do esquema criminoso do
petrolão. "A presente investigação não pode estar dissociada da realidade
fática que ela busca elucidar e, no presente caso, os fatos evidenciam que o
esquema que por ora se apura é, antes de tudo, um esquema de poder político
alimentado com vultosos recursos da maior empresa do Brasil", completa a
polícia.
O nome do ex-presidente também foi relacionado
ao petrolão pelo fato de duas empresas ligadas a ele terem recebido, entre 2011
e 2013, 4,53 milhões de reais da empreiteira Camargo Corrêa, gigante da
construção e um dos alvos da Operação Lava Jato. Laudo da Polícia Federal
registra que a empreiteira pagou três parcelas de 1 milhão de reais cada ao
Instituto Lula entre dezembro de 2011 e dezembro de 2013 e mais 1,527 milhão de
reais para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, também do petista, entre
setembro de 2011 e julho de 2013.(Com Veja.com/conteúdo)
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