No tempo das bandeiras
Quem tem, por exemplo, cinquenta anos, quando o PT foi
fundado, em fevereiro de 1980, tinha 15. E quando se tem 15 anos normalmente se
acredita em tudo, contesta tudo, sabe tudo. Os velhos, aqueles que tem mais de
30, não sabem nada, são reacionários, não admitem o modernismo do pensamento, não
entendem o que é ser comunista.
Eu também já fui assim. Não sei se exatamente nestes termos,
pois aprendi, bem cedo, com meu pai, que era preciso enfrentar a vida com todas
as suas dificuldades. Mas admito que tive idéias revolucionárias.
Poucos anos depois da fundação do partido, Lula incutiu na
cabeça dos petistas que o PT era um “partido diferenciado dos demais”. No PT não
havia espaço para os políticos tradicionais, para a corrupção, para os
conchavos e negociatas tão tradicionais nos demais.
E muita gente acreditou. Porto Alegre, se transformou na
passarela diferenciada dos petistas. Aqui eles desfilavam, impolutos e de
cabeça erguida, com a bandeira vermelha nos ombros. Qualquer atividade do PT
levava milhares de orgulhosos petistas para as ruas. A Esquina Democrática e a
Usina do Gasômetro, que os petistas transformaram em espaço exclusivo, ficavam
vermelhos de tanta bandeira. Tudo se repetia no Brique da Redenção, nos
domingos.
Durante 22 anos, até chegar ao poder, o PT foi o partido da
pureza política. Ninguém ousava compará-lo
aos outros partidos. No PT não havia espaço para a política tradicional, tão comum entre os demais.
A partir de 2002, quando Lula foi eleito presidente, as
coisas foram mudando. O metalúrgico pobre foi enriquecendo, seus “cumpanhero”
começaram a sentir o gosto pelo dinheiro mais fácil, as negociatas partidárias
se tornaram necessárias, assim como os conchavos. A corrupção foi se
entranhando de maneira tão violenta, que desaguou no mensalão e, agora, no escândalo de R$ 80 bilhões da Petrobras. O metalúrgico pobre, hoje é um milionário burguês que desfruta, sorridente e indiferente, das belezas do capitalismo.
As bandeiras foram sumindo, aos poucos, das ruas de Porto
Alegre. As multidões que se aglomeravam na esquina Democrática, no Gasômetro e no
brique, foram diminuindo. Quem sabe por desilusão ou, em alguns casos, por
vergonha.
Ontem, quando o PT decidiu promover um ato para comemorar
seus 35 anos, esperava-se um grande número de militantes na esquina da Borges
com a Rua da Praia. Não apareceram!
Além de petistas tradicionais, como Olívio Dutra e outros
que ajudaram a fundar o partido, menos de uma centena de pessoas estava lá, muito
poucos portando bandeiras. Elas devem estar enroladas, quem sabe aguardando que
o PT volte a ser o que prometeu ser. Mas isso só vai acontecer quando o PT
admitir que errou e curar suas próprias feridas. Até lá,continuará sendo
um partido igual ou pior que os outros.
Tenham todos um Bom Dia!
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