sábado, 15 de novembro de 2014

Petrolão

CPMI vai impedir quebra de sigilo de empreiteiras

A CPI mista da Petrobras vai evitar eventuais quebras de sigilo bancário e fiscal das empresas e tentará "blindar" as construtoras envolvidas no esquema de corrupção e lavagem de dinheiro em obras da estatal. Hoje, o consenso é de que parlamentares da base aliada e da oposição mantenham o acordo, firmado em maio, para impedir ações contra as empreiteiras e seus dirigentes na próxima terça-feira, quando a comissão vai se reunir para votar requerimentos.

Logo após a abertura da CPI mista, em maio, o jornal O Estado de S. Paulo revelou a existência de um acerto firmado por integrantes da base aliada e da oposição para blindar os fornecedores da Petrobras de serem alvo das quebras de sigilo. O acordo foi materializado no dia 16 de julho, quando nenhuma dessas empresas teve seu sigilo quebrado em sessão de votação de requerimentos pela comissão. O receio dos parlamentares era de que, se as investigações da comissão parlamentar contra as empresas fossem aprofundadas, elas fechariam a torneira das doações de campanhas. 

Levantamento do jornal indicou pelo menos R$ 170 milhões em contribuições a comitês financeiros e direções partidárias feitos pelas empreiteiras envolvidas na ação da PF desta sexta.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), é contrário a aprovar os pedidos de quebras de sigilo das empreiteiras. Para ele, é preciso antes ter acesso às delações do ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef para decidir o que investigar. "O que adianta quebrar o sigilo se não sabe para onde o dinheiro foi?", afirmou Nogueira, que comanda um partido da base aliada de Dilma.

O deputado Sibá Machado (PT-AC) disse que falta tempo para que esses requerimentos surtam algum efeito para as apurações da comissão. "Não vai ter tempo hábil. Até selecionar o que é de competência da CPI, estudar e se debruçar sobre o material, acabou a CPI", disse o petista, referindo-se ao fato que a comissão deve acabar no dia 23 de dezembro. Reservadamente, o PMDB é contra a medida por entender que a iniciativa, às vésperas do encerramento da comissão e sem o conteúdo da delação da operação da Lava Jato, também seria inócua. 

Para o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), ainda é cedo para pedir a quebra de sigilo das empresas, defendendo o aprofundamento das apurações antes de exigir acesso às informações sigilosas das empreiteiras. Os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Izalci Lucas (PSDB-DF) fizeram coro a Agripino, dizendo que as empresas precisam responder antes aos pedidos de informação já aprovados no início deste mês.

Doações para campanhas

Oito das nove empreiteiras que foram alvo da mais recente fase da Operação Lava Jato doaram, juntas, R$ 182 milhões para as campanhas eleitorais em 2014. O número leva em conta apenas os valores declarados pelos candidatos aos parlamentos estaduais e federal e pelos candidatos a cargos executivos que não passaram para o 2º turno - isso porque eles já enviaram suas prestações de contas completas para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apenas a Iesa Óleo e Gás não teve doações registradas entre as nove empresas sob suspeita. A que mais desembolsou foi a Construtora OAS, a segunda maior doadora neste ano: R$ 56,7 milhões. Em seguida, vêm a Queiroz Galvão (R$ 42 milhões) e a UTC Engenharia (R$ 35 milhões). Todas as outras doaram mais de R$ 5 milhões, com exceção da Mendes Júnior – há apenas uma doação de R$ 200 mil.(Agência Estado)

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