Tinha pensado em escrever um Bom Dia falando de coisas mais amenas, do dia bonito que inunda Porto Alegre de um sol brilhante e forte, nesta manhã bem típica da Primavera.
Como faço sempre, antes dei uma passada pelos portais de notícias e encontrei este editorial do Estadão, falando sobre o aumento da miséria no Brasil. Ele é extremamente claro sobre as manobras do governo e as promessas, como sempre, não cumpridas por quem se elege. Boa leitura e tenham todos um Bom Dia!
Mais uma façanha
de Dilma
O ESTADO DE
S.PAULO
10 Novembro 2014
Ao tomar posse de seu primeiro
mandato, em 1.º de janeiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff disse que
"a luta mais obstinada" de seu governo seria "pela erradicação
da pobreza extrema". A dois meses do fim desse mandato, descobre-se que o
total de brasileiros considerados miseráveis subiu 3,68%, de 10,081 milhões
para 10,452 milhões, entre 2012 e 2013. Foi a primeira alta desde que o PT
chegou ao poder, em 2003. Dilma, portanto, foi incapaz de cumprir seu principal
compromisso como administradora - justamente aquele que ela invocou nos
palanques para diferenciá-la dos candidatos de oposição - e nada indica que ela
terá melhor desempenho no segundo mandato, pois a situação econômica atual é
bem pior do que a de quatro anos atrás.
Os números sobre a miséria constam de
estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse levantamento
deveria ter sido divulgado em outubro, mas o Ipea, vinculado à Secretaria de
Assuntos Estratégicos, decidiu adiar a publicação, sob a alegação de que a
legislação eleitoral proibia a divulgação de dados que pudessem favorecer
candidatos.
O governo não teve esse mesmo pudor
na campanha de 2010, quando o lulopetismo tentava levar o "poste"
Dilma à Presidência. Naquela ocasião, o Ipea divulgou dados retumbantes sobre a
redução da miséria na gestão de Lula, usados à vontade na propaganda eleitoral
para favorecer a candidata petista. Mesmo na última campanha, Dilma foi à TV,
em cadeia nacional, para trombetear que, "em uma década, foram retirados
36 milhões de brasileiros da miséria" - e ela acabou corrigida pelo
próprio Ipea, que informou que a queda havia sido de 8,4 milhões.
Por fim, não há nada na lei eleitoral
que impeça órgãos do Estado de divulgar seus dados regulares durante a
campanha. Torna-se então evidente que o zelo do governo nada mais foi do que
uma manobra para escamotear números que revelavam as imposturas de sua
propaganda - o que gerou uma crise no Ipea, levando dois diretores a pedirem
demissão. Numa eleição tão apertada como a que reconduziu Dilma à Presidência,
era preciso impedir que o eleitor tivesse conhecimento de qualquer informação
que desmentisse a retórica petista.
De acordo com o Ipea, a proporção de
extremamente pobres passou de 5,29% para 5,50% da população. A linha de extrema
pobreza baseia-se em uma estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o
mínimo de calorias para suprir as necessidades de uma pessoa, segundo a
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e a Organização
Mundial da Saúde. Ou seja, o Brasil ainda tem mais de 10 milhões de pessoas que
não conseguem se alimentar de forma minimamente adequada.
Por esse critério, ressalta o Ipea, o
número de pessoas em situação de pobreza - cuja linha é o dobro da linha de
extrema pobreza - caiu de 15,93% para 15,09%. No entanto, se fosse levado em
conta o critério do programa Brasil sem Miséria, que estabelece a renda per
capita de R$ 77 mensais como linha de extrema pobreza, o porcentual de pobres
no País seria menor, mas também teria apresentado crescimento - de 8,9% para
9%. Também por esse critério, o número de extremamente pobres seria de 8,05
milhões - um salto de 3,6% para 4% da população, ou 870.784 pessoas a mais.
Tal situação é particularmente
constrangedora quando se recorda que o combate à pobreza é cantado pelos
petistas como a grande marca de seus governos. Mas o fôlego dos programas de
distribuição de renda só se mantém se houver renda a ser distribuída - algo que
a desastrosa gestão econômica de Dilma comprometeu.
Para reverter o quadro, Dilma deveria
recordar o que ela mesma disse quando tomou posse em 2011. Primeiro, afirmou
que "a superação da miséria exige prioridade na sustentação de um longo
ciclo de crescimento". Depois, reconheceu que "a inflação desorganiza
a economia e degrada a renda do trabalhador", razão pela qual jurou que
não permitiria, "sob nenhuma hipótese", que "essa praga volte a
corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres"
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