Márcia Costa Dienstmann*
Em abril, quando um torcedor espanhol atirou uma banana para o lateral Daniel Alves, mulato, o atacante Neymar divulgou fotos com o filho, a internet criou a campanha “Todos somos macacos” – e a imprensa perdeu a chance de contar uma grande história de racismo e fazer uma relação entre os dois fatos.
A notícia que não ganhou um segundo ou uma linha na imprensa é a de Rubin Carter, “O Furacão”, que morreu agora em abril, o mês da banana. A história de Carter é bem mais grave: boxeador peso médio, ele seria campeão mundial mas foi acusado de triplo homicídio em Nova Jersey por um policial branco que sabia que ele era inocente (e que já o sacaneava desde criança), e ficou 15 anos na cadeia, de 1970 a 1985. Quem quiser pode ver o premiado filme “Hurricane” – Denzel Washington é Rubin Carter, Bob Dylan fez e canta a música, é só buscar no google.
Se a ideia realmente era defender Daniel Alves e abominar o racismo, melhor do que mostrar Neymar com o filho e a campanha “Somos todos macacos” não teria sido contar a história de Carter, recém-falecido, e fazer a relação? A imprensa perdeu uma grande chance de mostrar grandiosidade e inteligência, e de fazer justiça.
*Jornalista
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