Mas com o nosso dinheiro?
A pergunta é simples: se alguém cometer algum tipo de crime
e tiver que enfrentar um julgamento, não terá que contratar um advogado, ou
escritório, para defendê-lo? E o pagamento não terá que ser feito com recursos
próprios?
Pois no caso dos mensaleiros do PT e do PR e da ex-chefe de
gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, não. Todos
foram defendidos por profissionais pagos com dinheiro do Fundo Partidário
conforme documentos encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dos anos
2012 e 2013.
Três notas fiscais no valor de R$ 42 mil cada, encaminhadas
pelo PR foram usadas para pagamento do escritório do advogado Marcelo Luiz Ávila
de Bessa, defensor do ex-presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto e
do ex-deputado Bispo Rodrigues, envolvidos no esquema do mensalão. Os cheques
assinados pela presidência do PR foram descontados da conta usada para
movimentar a verba do Fundo Partidário.
Já o escritório Fregni – Lopes da Cruz, recebeu do Partido dos
Trabalhadores, entre 2012 e 2013, ao menos R$ 485 mil por ações cíveis. Notas
encaminhadas ao TSE indicam que os advogados defendem o ex-presidente do
partido, José Genoino, acusado de improbidade administrativa em ações movidas
pelo MP como desdobramento do caso do mensalão.
O advogado Luiz Bueno de Aguiar, profissional muito próximo
a petistas influentes, defendeu a ex-chefe de gabinete da Presidência, Rosemary
Noronha, envolvida em irregularidades denunciadas pela operação Porto Seguro. Nos
últimos dois anos, o advogado recebeu ao menos R$ 809 mil do PT de recursos
originários do Fundo Partidário.
Volto ao começo deste comentário, e pergunto: se o cidadão
comum que precisa se defender quando acusado de algum crime, precisa, muitas
vezes, usar seu patrimônio pessoal para provar sua inocência ou não, o que leva
o Partido dos Trabalhadores, por exemplo, utilizar o dinheiro do Fundo Partidário
para pagar quem defende seus companheiros acusados, e no caso condenados por
envolvimento no mensalão? Ainda mais quando a Lei dos Partidos, que disciplina
a aplicação de recursos, não prevê a cobertura de gastos de natureza privada.
Decididamente estamos vivendo um momento em que a Lei, que
deveria ser para todos, é para muito poucos. Aqui, tristemente, se faz o que é
do interesse de quem manda, mesmo que isso signifique ultrapassar os limites da
decência e da ordem.
Pagar a defesa dos mensaleiros com o nosso dinheiro é abusar
do direito de fazer o que bem entende sem ter que dar explicações para ninguém.
E depois não admitem que estamos vivendo uma ditadura silenciosa.
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