“Isso nós devemos compreender”
César Cabral*
Em maio de 1963, as irmãs gêmeas
Herda e Hosta fizeram concurso para o Departamento de Censura da Polícia
Política Federal.Aprovadas foram logo nomeadas, pois havia necessidade de uma
enorme quantidade de gente. Muito jovens ainda não sabiam o que era democracia,
liberdade de expressão, ordem jurídica, direitos inerentes, essas coisas.
Depois de um curso intensivo de uma semana, foram censurar a imprensa, a
propaganda, a música, o teatro, o cinema, além de livros, cartilhas, gibis; o
diabo.
Elas liam os textos e riscavam o
que numa cartilha dizia pode isso, isso não pode. E durante mais de 20 anos foi
só o que fizeram até a aposentadoria. Já eram tratadas de Dona Herda e Dona Hosta,
quase um título, por tantos anos de dedicação. Um dia o departamento foi
extinto e elas foram pra casa, e pelo caminho encontraram um outro mundo. A
imprensa dizia o que bem queria, a televisão e o rádio atentavam contra os bons
costumes, as músicas, o teatro e o cinema beiravam a pornografia e as pessoas diziam
o que bem quisessem, onde quer que estivessem sem medo de serem felizes.
Dona Herda e Dona Hosta foram
internadas numa clinica de readaptação.
Depois de dois anos voltaram pra
casa por que não poderiam mais serem readaptadas completamente. Há 10 anos
assistem televisão, leem jornais e revistas, ouvem rádio por que é isso que
sabem fazer, não vão mais ao teatro e ao cinema, pois já estão muito idosas
para aventurarem-se foram do confortável apartamento onde vivem, na Rua Tutóia,
na cidade de São Paulo.
Durante um bom tempo; no bom tempo
delas; convivemos profissionalmente, cada um do seu lado da cerca, e depois de
aposentadas nos encontramos por uma casualidade na praça de alimentação de um shopping
Center. O reencontro foi emocionante e combinamos trocar
e-mails, uma novidade que elas
acreditam ser tão tecnologicamente perfeita que se isso existisse “no tempo
delas” seria impossível controlar as pessoas. Ah se elas soubessem!
Pois recebi um e-mail indignado
das gêmeas essa tarde.
- Prezado ex-companheiro. Ouvimos na televisão
Globo um ministro do supremo tribunal federal dizer que: “Precisamos
compreender a decisão e a angústia de quem está condenado. É licito escapar
principalmente conhecendo as condições desumanas das nossas penitenciárias.
Então como ele tinha dupla nacionalidade saiu do Brasil para se ver livre de
uma dessas penitenciarias. Isso nós precisamos compreender!”
O tratamento inicial de “prezado
ex-companheiro” quase me fez morder a taça de vinho que eu segurava. Com o
susto virei a taça de vinho goela a baixo
como se faz com um liso de canha. Refeito, continuei lendo os comentários que
as duas ex-censoras, indignada, faziam.
“Esse================não é um dos
juízes que condenou o ===========do bandido? Então como é que esse========diz
uma coisa dessas,=====,======,=====. Essa======desse país virou um=====de vez!
O========do juiz tá justificando a
fuga de um bandido=====porque nossos presídios são desumanos? O que é que ele
queria,======? Um SPA? O======do marqueteiro roubou da Visanet, que em dezembro
de 2009 mudou o nome pra Cielo e explicando que Cielo quer dizer céu em italiano.
Ora======= Visanet Brasil ou Cielo opera com o dinheiro de quem tem conta no
Banco do Brasil. Céu em italiano é uma=======que nem a======= da mãe
do=========desconfiou. Foram 73 milhões de reais e o meiogringo ainda levou um
PF (pras gêmeas PF quer dizer “um por fora”) de 400 milhões e por que tem dupla
cidadania tem razão de fugir? Esse=====desse Marco Aurélio Melo, primo do
=======do Collor de Melo, juiz de===== certamente deve concordar com a fuga
daquele médico estuprador Abdelmassih,que passava o dedo na=====, a mão no====e
nos=====das milionárias pacientes. O====== tem dupla cidadania; era
sírio,libanês, não sei lá que =====o=====era, condenado a ========de anos de
prisão. Ganhou um HC (é como elas se referem a Habeas Corpus, proibido no tempo
delas) do Gilmar Mendes e fugiu do Brasil.Ora mas que=====de país é esse? Um
bandido é julgado, condenado, foge e é elogiado pelo juiz que o condenou. E o==========ainda
diz que “isso nós devemos compreender”.
Meu prezado=============. Publique
essa em todas as mídias sem cortes, sem censura, democraticamente. Agora pode.
Pois que saiam todos dessa pátria
amada. “Brasil, ame-o ou deixe-o!”
Obs.: Acho que minhas ex-censoras
que tanto me ====a paciência, têm razão sobre o que dizem. Eu =========da cara
sou obrigado a concordar; e o que é pior, censurar o texto. Elas até hoje ainda
não entenderam o que é liberdade de expressão.
Isso nós devemos compreender, também!
Não desejo a morte de ninguém,
sobre tudo a minha. Mas José Genoino não adoeceu na prisão com esse grau de
gravidade que imprensa dá com alarde. Ele já estava doente. Tratado em casa ou
na prisão os procedimentos médicos serão os mesmos; talvez em casa com mais conforto
e afeição. Ele adoeceu em plena atividade política e no exercício
do poder partidário quando
presidiu o PT. A Dilma, e os marqueteiros dela alardeiam que a doença de
Genoino é uma questão de humanidade.
Não é. Seria se estivesse sendo
torturado, como parece que foi durante a ditadura militar, e como resultado
estivesse com uma doença mortal. Genoíno adoeceu como adoece qualquer um de
nós; honestos ou bandidos. Vida longa ao “guerrilheiro do Araguaia”,
ex-presidente do PT,deputado federal e condenado pelo STF pelos crimes de
corrupção ativa e formação de quadrilha; mas num presídio. Se a doença dele não
permitir que lá ele cumpra a condenação que recebeu, então o PT terá nas mãos
um mártir para comover a nação de um povo que absolve de qualquer pecado,
quanto mais crimes, os políticos após a morte.
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