quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Comentário

Aumento de juros faz com que 
acordemos um pouco mais pobres

André Machado*

A gente que comemorava tanto a tendência de queda da taxa de juros até outubro do ano passado enfrenta agora o pesadelo de ver a Selic retornar aos dois dígitos. É uma barreira psicológica que foi rompida nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom), mas que nos faz despertar nesta quinta-feira um pouco mais pobres. E a decisão veio um dia depois de protestos das centrais sindicais pela redução do juro de olho num maior crescimento. Em nota a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) classifica o aumento como uma “péssima notícia para o povo brasileiro”. O texto assinado pela CTB aponta a estimativa de que a cada ponto percentual na Selic nossa dívida pública aumenta em R$ 12 bilhões. Isto nos faz acordar hoje devendo mais.

“Em contrapartida, verifica-se o retrocesso da atividade econômica, com redução do consumo e dos investimentos na produção, e novos cortes nos gastos públicos justificados pela necessidade de economizar dinheiro para bancar os serviços da dívida pública (juros e amortizações), cujo peso cresce com a alta da Selic. O pagamento dos juros já consome cerca de 50% do Orçamento da União e o dinheiro destinado aos credores é o mesmo que faz falta na saúde pública, na educação, na Previdência, no transporte e na infraestrutura em geral”, segue a nota.

 

A queixa não vem apenas do lado dos trabalhadores. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a nova taxa irá inibir investimentos privados. O aumento de meio ponto percentual também foi criticado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) que afirma que a decisão reduz a possibilidade de investimentos produtivos no Rio Grande do Sul. As duas entidades defendem redução dos gastos do governo para diminuir a inflação.
No seu 13º Congresso Nacional, o PCdoB aprovou uma resolução de promover no país “um novo pacto pela produção e pelo trabalho”. Este pacto deve envolver governo, trabalhadores e empresários “comprometidos com a produção nacional”. A garantia de juros mais baixos é uma necessidade. Mesmo quando a Selic estava mais baixa existiam enormes diferenças entre a taxa básica e a praticada pelo mercado. Se com juros maiores o setor financeiro acaba lucrando mais sob a justificativa de controlar a inflação imagine quem perde….

*Jornalista

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