Exumação, comício ou circo?
Foto: Agência RBS |
Quem tiver o trabalho de prestar bem atenção ao que está
acontecendo em São Borja, onde estão sendo exumados os restos do ex-presidente
João Goulart, acho que terá as mesmas duvidas que eu tenho.
Lá estão ministros do PT, Maria do Rosário e José Eduardo
Cardozo, 15 peritos, sendo um cubano e que participou da exumação de Che Guevara,
imprensa de todo o Brasil, Policia Federal, Comissão Nacional da Verdade,
Secretaria de Direitos Humanos, cuja titular queria a montagem de um palco em
frente ao cemitério, que permitisse manifestações públicas. Sem contar que
dezenas de moradores, a maioria getulista, janguista e brizolista, com
cartazes, manifestam suas posições sobre o assunto.
Uma estrutura de metal foi montada em volta do jazigo,
permitindo que uma lona preta garantisse a privacidade da operação.
O cronograma dos trabalhos prevê que os restos mortais de Jango
serão colocados em uma urna que será levada, em um carrinho especial, até a
porta do cemitério. Lá, será colocada em um caminhão fechado e transportada até
o aeroporto militar de Santa Maria de onde seguirá para Brasília. Na Capital
Federal, serão recebidos com honras militares para as quais foi convidado o
ex-presidente Lula.
Sobre tudo o que está escrito até aqui tenho algumas
perguntas, para as quais não encontro respostas convincentes.
Transformaram a exumação de Jango em um comício? Querer a
montagem de um palco para pronunciamentos públicos, onde certamente falaria a
ministra Maria do Rosário, candidata do PT ao Senado e outros tantos
aproveitadores de momentos assim para discursos eleitoreiros, não é uma posição
politiqueira indesejada?
Honras militares para o ex-presidente Jango, tudo bem, mas
convidar o ex-presidente Lula, e tão somente ele, não é discriminação em relação
aos demais? Não teriam que ter convidado o ex-presidente Fernando Henrique ou
até mesmo José Sarney? Ou se trata tão somente de mais um ato político
eleitoreiro?
Finalmente, segundo o ministro Cardozo, os restos der Jango estarão
de volta a São Borja no dia 6 de dezembro, data da morte do ex-presidente. “É
um compromisso que temos”, afirmou o ministro. Não tenho nenhuma dúvida que,
mais uma vez, todos estarão lá para mais um dia de triste espetáculo e de
aproveitamento político em ano de eleições.
Por tudo isso fico com uma grande dúvida que tento dividir
com todos. Não seria o momento de deixar que a família de Jango e, quem sabe,
seus amigos mais próximos tratassem disso, discretamente? É necessário que se
transforme um momento em que, segundo alguns, se busca a verdade sobre a morte
de Goulart, num verdadeiro espetáculo que, sinceramente, já nem sei se é político
ou circense.
Mas que alguém está tentando tirar proveito político disso, não
tenho nenhuma dúvida.
Pedindo a proteção de Deus, desejo a todos um Bom Dia.
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