Precisamos dos melhores políticos
André Machado*
Nesta semana que passou estive na
Câmara Municipal de Porto Alegre. Dediquei alguns minutos para conversar com o
vereador João Derly (PCdoB). Em primeiro mandato, o bicampeão mundial de judô
ainda se acostuma com a atividade legislativa. Tasquei a pergunta. "E aí
João? Já deu tempo para se arrepender?". O judoca engoliu seco e disse que
de vez em quando sim. A verdade é que João Derly, assim como 100% dos
políticos, perde ante aos olhos do público as suas qualidades no momento em que
ingressa no parlamento. De herói nacional, o nosso campeão vira candidato a
vilão. E apenas por sentar-se ao lado dos vilões.
A política precisa de bons políticos.
E nós eleitores precisamos identifica-los. E mante-los na política. Hoje o
senador Pedro Simon (PMDB) anuncia que não concorrerá mais. Não chega a ser por
desilusão, mas pela idade. E Pedro Simon foi um grande político. Não acho que
tenho sido um grande governador, mas foi sempre um homem fundamental na luta
pela democracia e na defesa da ética. Foi a voz que soube manter-se forte
durante o regime militar e depois aquele que sempre acendia o farol do caminho
ético (que os outros insistiam em não ver). Simon nunca se meteu em falcatrua.
E fará falta.
Mas será que não há entre tantos
gaúchos outros que possam carregar uma bandeira que ajude a transformar a
política naquilo que ela realmente deve ser? Certamente há. E são muitos. Nosso
papel é identifica-los e separa-los dos que são produto de marketing. O país só
irá melhorar com a qualificação da política, não com o fim dela. Alguém eleito
deve ser visto como um agente de transformação e não como mais um a integrar um
bando. A escolha que fazemos é democrática. Ninguém chega lá por vontade
própria. Chega apenas pela nossa vontade.
Não precisamos apenas de melhores
políticos. Precisamos dos melhores políticos. Precisamos que as melhores
cabeças da nossa sociedade estejam disponíveis para ocupar vagas nos executivos
e nos parlamentos para que o Brasil e o seu povo deem o salto que precisam. Se
eles não ocuparem, os mesmos cabeças ocas seguirão ocupando assentos nos aviões
da FAB.
*Jornalista – Editor do Blog Esquina
Democrática
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