segunda-feira, 1 de abril de 2013


Um movimento sem destino

Sem a cara, mas com os cabelos coloridos e o corpo marcado por tatuagens, centenas de estudantes ocuparam, mais uma vez, a Praça Montevidéu, em frente à prefeitura, para reclamar do preço da passagem do transporte coletivo. Desta vez. felizmente, a movimentação pareceu pacífica. Um forte contingente da BM guardou o prédio da municipalidade, impedindo que se repetissem os atos de vandalismo da última quarta-feira, quando manifestantes quebraram vidraças e jogaram tinta contra o prédio.
                 
                            Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS

Mais tarde, pelo que li e ouvi, os manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Júlio de Castilhos, subiram no arco da estação Trensurb e rumaram para a Voluntários da Pátria. O trânsito ficou totalmente prejudicado e as pessoas que naquela hora tentavam voltar para casa, foram impedidas. Muitas das que assistiam a manifestação, reclamavam que, devido ao ato, serviços importantes como recarregar o cartão TRI ou entrega de medicamentos no Centro de Saúde Santa Marta, estavam fechados desde às 17h30.
Ao passar pela Borges de Medeiros, vi vários meninos e meninas, alguns nem tanto, caminhando em direção à prefeitura. Muitos tinham o cabelo pintado de vermelho, outros de amarelo, quase todos com tatuagens nos braços e pernas e vários com latas de cerveja nas mãos.
Confesso que não tenho nenhum tipo de preconceito quanto á cor dos cabelos e muito menos contra as tatuagens. Cada um faz de seu corpo o que bem entende. Só não concordei, intimamente, é claro, com o consumo de bebida alcoólica por quem se dirigia para um protesto. O álcool não é um bom companheiro numa hora dessas.
Finalmente cheguei ao lotação que me traz para casa e fiquei pensando no quanto existe de diferença no movimento dos caras-pintadas para o que assisti hoje. Naquele, os jovens saíram às ruas para defender o sentimento de uma população inteira. E, sem precisar do auxilio da latinha de cerveja, foram vencedores. Hoje, num movimento claramente político partidário, jovens, não necessariamente estudantes, cobrem o rosto com lenços, prejudicam a movimentação de veículos e pessoas, são agressivos e, certamente, participam de um movimento sem destino. Afinal, acredito que muitos estejam ali lutando pelo que não sabem, esbravejando contra o que não entendem e, lamentavelmente, obedecendo a ordens de quem sabe muito bem o que quer.
Machado Filho

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