segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013



Periscópio

Não pedi autorização, mas acho que meu amigo Érico Valduga não se sentirá ofendido pelo fato de eu ter reproduzido, aqui neste blog, o texto publicado em sua coluna Periscópio (www.EricoValduga.com.br)  no dia de hoje. O Valduga define, como poucos, a falsidade parlamentar explicita que é a escolha, por voto secreto, de quem vai comandar o Senado e a Câmara Federal. É uma leitura obrigatório para quem não concorda com o que se instalou no Brasil.
Machado Filho

Isto é Brasil: mandantes desconhecem voto dos mandatários

Se não somos um rebanho, devemos combater a falsidade parlamentar que viola descaradamente o princípio republicano da representação popular

Como votaram os três senadores do Rio Grande do Sul na eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado, na sexta-feira passada? Terão eles representado o que pensam os seus eleitores sobre a escolha, para exercer a chefia do Congresso e terceiro cargo na sucessão do Executivo imperial, de um parlamentar denunciado no Supremo Tribunal Federal por peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos? Ou fraudaram as procurações recebidas nas urnas, votaram conforme o interesse pessoal de cada um deles e dos partidos a que pertencem, e não segundo a vontade dos mandantes? Seus votos acompanharam a ética republicana, ou representaram a conveniência da dita governabilidade, que comporta o uso de meios indecentes para alcançar o fim desejado pelos donos do poder, que é, em última análise, manter-se no poder? É por isto que Dona Dilma e o PT apoiaram o notório alagoano.

Nunca saberemos a resposta, prezados leitores, porque a votação é secreta, como secreta será a de escolha do presidente da Câmara dos Deputados, hoje, da qual participarão os 31 deputados federais riograndenses. Será eleito Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que tem em comum com Calheiros algo mais do que a procedência nordestina e a identidade partidária, pois também está denunciado no STF, por improbidade administrativa. Desconhecer como votam os que nos representam nas duas casas legislativas é uma aberração democrática, e ameaça transformar-se em monstruosidade quando admitido que estar denunciado na Justiça, no Legislativo, passe ao largo dos critérios que informam a Lei da Ficha Limpa. Mais monstruosa ainda, no entanto, é a admissão implícita de que a denúncia na mais alta corte de Justiça possa estar-se constituindo em “requisito de honorabilidade”, no país que, a propósito, em 2012 ocupou o 68º lugar no ranking mundial que mede a percepção da corrupção, da Transparência Internacional.

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