Periscópio
Não pedi autorização, mas acho que meu amigo Érico Valduga não
se sentirá ofendido pelo fato de eu ter reproduzido, aqui neste blog, o texto
publicado em sua coluna Periscópio (www.EricoValduga.com.br)
no dia de hoje. O Valduga define, como
poucos, a falsidade parlamentar explicita que é a escolha, por voto secreto, de
quem vai comandar o Senado e a Câmara Federal. É uma leitura obrigatório para
quem não concorda com o que se instalou no Brasil.
Machado Filho
Isto é Brasil: mandantes desconhecem voto dos mandatários
Se não somos um rebanho, devemos combater a falsidade
parlamentar que viola descaradamente o princípio republicano da representação
popular
Como votaram os três senadores do Rio Grande do Sul na
eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado, na sexta-feira
passada? Terão eles representado o que pensam os seus eleitores sobre a
escolha, para exercer a chefia do Congresso e terceiro cargo na sucessão do
Executivo imperial, de um parlamentar denunciado no Supremo Tribunal Federal
por peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos? Ou fraudaram as
procurações recebidas nas urnas, votaram conforme o interesse pessoal de cada
um deles e dos partidos a que pertencem, e não segundo a vontade dos mandantes?
Seus votos acompanharam a ética republicana, ou representaram a conveniência da
dita governabilidade, que comporta o uso de meios indecentes para alcançar o
fim desejado pelos donos do poder, que é, em última análise, manter-se no
poder? É por isto que Dona Dilma e o PT apoiaram o notório alagoano.
Nunca saberemos a resposta, prezados leitores, porque a
votação é secreta, como secreta será a de escolha do presidente da Câmara dos
Deputados, hoje, da qual participarão os 31 deputados federais riograndenses.
Será eleito Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que tem em comum com Calheiros
algo mais do que a procedência nordestina e a identidade partidária, pois
também está denunciado no STF, por improbidade administrativa. Desconhecer como
votam os que nos representam nas duas casas legislativas é uma aberração
democrática, e ameaça transformar-se em monstruosidade quando admitido que
estar denunciado na Justiça, no Legislativo, passe ao largo dos critérios que
informam a Lei da Ficha Limpa. Mais monstruosa ainda, no entanto, é a admissão
implícita de que a denúncia na mais alta corte de Justiça possa estar-se
constituindo em “requisito de honorabilidade”, no país que, a propósito, em
2012 ocupou o 68º lugar no ranking mundial que mede a percepção da corrupção,
da Transparência Internacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário