Após 23 sessões de julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal
Federal (STF) já condenou o publicitário Marcos
Valério de Souza, operador e um dos símbolos do escândalo que assolou o
governo Lula, a cumprir uma longa pena trancafiado numa cela.
Valério, o “carequinha” que emergiu após o estouro do
mensalão em 2005, cumprirá pena pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção
ativa e peculato. Até o final do julgamento, ainda responderá pelos crimes
de formação de quadrilha e evasão de divisas em dezenas de operações
fraudulentas. Somadas, as penas imputadas a ele ultrapassam oito anos de
prisão, o que obriga o cumprimento em regime fechado. O tempo que ficará
trancafiado será muito maior devido aos agravantes - chefiar um núcleo do
esquema, por exemplo -, mas esse cálculo só será feito após o término do
julgamento, na chamada fase da “dosimetria”.
Além de Valério, classificado ainda na fase pré-julgamento pelo
ministro Joaquim Barbosa como “expert em lavagem de dinheiro”, outros réus já
julgados na ação penal do mensalão correm o risco de ter de preparar a mudança
para um presídio federal. Os banqueiros Kátia Rabello, José Roberto Salgado e
Vinícius Samarane, que colocaram o Banco Rural a serviço do esquema criminoso com empréstimos fraudulentos e administração bancária à margem
da lei, já foram apenados por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. As
penas mínimas dos dois ilícitos, juntas, chegam a seis anos de reclusão. E eles
também podem ser condenados por evasão de divisas e formação de quadrilha.
Os réus João Paulo Cunha, deputado federal, o ex-diretor do Banco do Brasil,
Henrique Pizzolato, e os sócios de Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz
completam a lista dos já condenados por mais de um crime no julgamento do
mensalão e também devem amargar o cumprimento de pena em reclusão.
Elo direto com o núcleo político do escândalo, Marcos
Valério deve ter suas atividades ilícitas utilizadas pelo ministro Joaquim Barbosa
como argumento na próxima semana para pedir a condenação dos parlamentares que,
corrompidos, venderam votos em benefício do governo Lula.
O publicitário mineiro foi apresentado ao PT pelo
ex-deputado Virgílio Guimarães, que levou o operador do esquema criminoso
diretamente ao então tesoureiro petista, Delúbio Soares. Os tentáculos do
publicitário nas repartições da República foram verificados ainda na
intermediação dele para que a banqueira Kátia Rabello pudesse se reunir com o então todo-poderoso ministro da Casa Civil José
Dirceu e negociar diretamente benefícios da liquidação do Banco
Mercantil, de Pernambuco. Esses fatores serão cruciais para os ministros
comprovarem a ligação entre o publicitário e parlamentares que, a partir de
propinas, venderam seus votos no Congresso.(VEJA. On-line)
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