quarta-feira, 18 de julho de 2012

Câmara pode acabar com divulgação de salários
Apesar de a Câmara dos Deputados ter regulamentado na última segunda-feira (16) a Lei de Acesso à Informação, com a obrigação de divulgar os salários dos servidores da Casa de forma individualizada, a determinação pode ser sustada do decreto sancionado em maio pela presidente Dilma Rousseff. Tramita na própria Câmara Projeto de Decreto Legislativo (PDC) que visa eliminar o texto que permite a publicidade da remuneração de servidores, incluindo vantagens recebidas. O PDC 582/2012 foi apresentado no dia 31 de maio e está à espera de deliberação de relator na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP).
A proposta é de autoria dos deputados Bernardo Santana (PR-MG), Henrique Oliveira (PR/AM), e Izalci (PR/DF), além do ex-deputado Policarpo (PT/DF), suplente fora de exercício. De acordo com a justificativa apresentada por eles, a presidente Dilma Rousseff, ao editar o decreto 7.224/2012, que regulamenta a Lei de Acesso à Informação (12.527/2011), extrapolou a competência ao estabelecer algo não previsto pela Lei, como a divulgação da remuneração dos funcionários públicos.
“Ao impor tal obrigação, que não consta da Lei objeto de regulamentação, a Presidente da República manifestamente exorbitou do poder regulamentar, exercendo indevidamente, em caráter individual, atribuição legiferante própria do Parlamento. Nessas circunstâncias, é da competência exclusiva do Congresso Nacional, nos termos do art. 49, V, da Constituição, sustar o ato normativo exorbitante”.
 O deputado Henrique Oliveira (PR/AM) foi questionado acerca do mérito da questão, para além da competência legal de regulamentar o assunto. Em resposta, por meio de sua assessoria de imprensa, usou novamente o argumento técnico. “A Constituição Federal não foi respeitada. Sou a favor da transparência, mas este é um assunto que deve ser discutido pelos parlamentares do Congresso Nacional”.
Segundo o texto dos parlamentares, as tabelas remuneratórias divididas por carreira já permitem o interesse coletivo e a transparência previstos na Lei de Acesso. “São expostos os valores de vencimentos correspondentes a cada padrão, bem como as parcelas decorrentes de gratificações próprias de cada carreira. Com isso, tornam-se transparentes os valores mínimo e máximo de remuneração das centenas de carreiras e planos de cargos existentes no Poder Executivo federal”.
O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, questionou as reclamações de que a medida prevista no decreto que regulamenta a Lei de Acesso à Informação - viola a privacidade dos servidores.
"O entendimento da CGU é que isso não é invasão da privacidade. É informação de interesse público, porque é pago com dinheiro público. Quem é que traz o dinheiro para os cofres públicos? Todos nós que pagamos impostos. Nós somos os seus patrões. Temos direito sim de saber quanto está sendo pago", afirmou.
Hage não vê problema na divulgação, por exemplo, dos nomes dos servidores e do detalhamento das remunerações. "Não há restrições quanto à divulgação do nome completo, da remuneração total. O decreto é bastante explícito em relação a isso", afirmou.

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