terça-feira, 19 de junho de 2012

Opinião


Vivendo e aprendendo a jogar

Esse é um verso de uma música gravada pela Elis Regina. Não me perguntem o nome do autor, pois não lembro. O que eu sei é que ele contém uma verdade muito grande. Só se aprende a jogar, vivendo.
Falo isso para lembrar que, pelo menos os que são da minha idade, ou quase, passaram mais de 20 anos escutando, lendo e vendo o PT afirmar que existiam os partidos tradicionais e ele, o PT. Pregaram a transparência, a diferença de fazer política, de administrar com seriedade e com honestidade. No governo, segundo eles, seriam diferentes de todos os outros. Alguém esqueceu do “fora Sarney e fora FMI?” E dos caras pintadas, comandados pelo PT, pela UNE, que tomaram as ruas e praças para derrubar Collor? Alguém tem alguma dúvida de que, para o PT e principalmente para o Lula, Maluf sempre foi o que existe de pior na política? Procurado pela Interpol, ele sempre representou tudo aquilo que o PT dizia combater.
Pois o tempo passou, o PT chegou ao poder e, mesmo que muitos sigam querendo acreditar nas fábulas petistas, tudo foi mudando, nem tão aos poucos. O que era diferente passou a ser igual ou, quem sabe, pior. Sarney é um parceiro importantíssimo no projeto petista de se manter no governo. Collor é um companheiro que tem ajudado muito. Os caras pintadas sumiram.
Ontem, para culminar e provavelmente para colocar um ponto final na ilusão, Lula foi até a mansão de Maluf, território inacessível e inadmissível, até bem pouco tempo, para um operário e líder metalúrgico, para acertar um acordo político com vistas à eleição de Fernando Haddad (PT). E o Brasil inteiro assistiu, nos jornais ou na TV, Lula abraçando e apertando a mão, feliz da vida, do grande corrupto, do foragido, do procurado pela Interpol. Desde  ontem, certamente que Paulo Maluf passou a ser “cumpanhero” de fé.
Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo que prometeu transformar o Brasil num país sério, implantar um governo honesto “como nunca na história desse país” e que se arrepiou quando disseram a ele que um grande esquema de corrupção, o mensalão, estava corroendo seu governo. Depois do susto, passou a fazer o jogo útil afirmando que não sabia de nada e, mais tarde, que o mensalão nunca existiu. Vai ver que Maluf nunca roubou ou, quem sabe, Lula foi até a mansão dele sem saber que ele morava lá.
Nunca lembrei tanto dos versos da música gravada pela Elis. É, minha gente, vivendo e aprendendo a jogar.

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