Faça as contas: sindicato
só servia
para extorquir o seu dinheiro
Nada como um pouco de
aritmética, dessa mais simples, para melhorar o entendimento de uma porção de
coisas na vida, especialmente no Brasil. É uma pena, realmente, que o hábito de
fazer conta seja tão impopular neste país – isso ainda vai acabar com a gente,
porque você pode escapar da saúva, que afinal das contas não acabou com o
Brasil, mas não escapa da tabuada.
Jornalista não gosta de
aritmética. Economista não gosta de aritmética. Político, então, tem horror de
aritmética, o que explica, em boa parte, porque estão sempre fazendo leis para
distribuir as riquezas nacionais, mas jamais se lembram de pensar se essas
riquezas existem ou não. Quem se importa se existem ou não? Se não existirem,
não é problema nosso: é problema do “governo”, que vai tirar dos impostos tudo
aquilo que nós decidimos dar de presente.
O fato é que o Brasil
fala, fala, fala – e não conta. Se contasse um pouco mais, veria a diferença
para o país que algumas somas simples, ensinadas no curso primário, acabam
fazendo. Muitas vezes elas explicam com perfeição, mais que cinco anos de
discurso no Congresso Nacional, como o Brasil pode melhorar dramaticamente
quando certos cálculos são alterados.
Você tem ouvido falar,
ultimamente, de CUT, Força Sindical, UGT e outras organizações de parasitas
chamadas de “centrais sindicais?” Não? Claro que não – e essa é uma das
notícias mais animadoras que a população poderia ter. Não há mais a chantagem
de sindicatos que ameaçam greves, nem a “mobilização” para extorquir isso ou
aquilo da sociedade. Não há diretores sindicais vivendo sem trabalhar. Não há
nada disso porque as “centrais sindicais estão acabando. E as centrais estão
acabando porque, muito simplesmente, ficaram sem dinheiro.
Todas elas, como se sabe,
viviam de uma infâmia chamada “imposto sindical”, que todo trabalhador
brasileiro (e as empresas) tinham de pagar uma vez por ano – fossem ou não
sindicalizados, quisessem ou não ser representados pela CUT ou pela “Força”.
O governo Michel Temer, no
que talvez tenha sido o seu melhor momento, conseguiu aprovar a abolição desse
imposto – e as centrais, junto com os sindicatos, começaram a valer apenas o
que valem, ou seja, a ter a força que deveriam ter por causa da fidelidade
financeira dos associados. Mas, como se vê, não havia fidelidade nenhuma. Assim
que o trabalhador ganhou o direito de não pagar, a maioria dos sindicatos não
viu mais um tostão furado. Viraram o que são agora.
O portal eletrônico “Poder
360” divulgou há pouco alguns números bem simples. Em 2017, durante a vigência
do imposto, a CUT, por exemplo, recebeu pouco mais de R$ 62 milhões extorquidos
dos trabalhadores. Em 2019 recebeu um pouquinho acima de R$ 440 mil, ou 140
vezes menos – uma verdadeira miséria. A Força Sindical, que falava tão grosso
na política brasileira, levou R$ 51 milhões em 2017 – e em 2019 ficou com menos
de R$ 1 milhão. A UGT despencou de R$ 46 milhões para também R$ 1 milhão. Fim
da linha.
Quantos tratados de
ciência política é preciso ler para descobrir porque a CUT existia e porque não
existe mais – não como alguma coisa que tenha um mínimo de relevância? Em vez
disso, é muito mais eficaz fazer as contas acima.
J. R. GUZZO
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