O voto em javanês, o drama
de Cármen Lúcia
e mais um julgamento para
Lula
Ainda se discute o voto de
Dias Toffoli sobre a liberação, ou não, de dados financeiros daqueles que foram
colhidos pelo Coaf – que agora é o setor de inteligência financeira do Banco
Central. Um voto que durou quatro horas de leitura. Sempre muito sério, o
ministro presidente do Supremo Tribunal Federal.
O ministro Luís Roberto
Barroso fez uma ironia dizendo que precisava de um professor de javanês para
traduzir o texto. O ministro Edson Fachin foi ainda mias irônico. Ao ser
perguntado sobre a opinião dele do voto de Toffoli, respondeu: “Não tem uma
pergunta mais fácil?”.
O drama de Cármen Lúcia
O julgamento vai
continuar. Já há dois votos diferentes. Enquanto isso, a gente fica pensando na
tragédia, no drama pelo qual passou a ministra Cármen Lúcia, que foi a favor da
prisão em segunda instância. Ela foi voto vencido mas, como relatora de um
habeas corpus, precisou se curvar ante à decisão de 6 a 5 do Supremo e mandar
soltar todo mundo que foi condenado lá no TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
Região) mas não tiver uma prisão preventiva. É o pessoal da Lava Jato.
Claro que não é uma
produção em série de solturas, mas deve ter passado um drama a ministra Cármen
Lúcia. Só para lembrar, a origem disso tudo são o Conselho Federal da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) e o Partido Comunista do Brasil.
O patrulhamento da prisão
em 2ª instância no Congresso
O jornal “O Estado de S.
Paulo” fez um levantamento na Câmara e no Senado para saber quem é contra e
quem é a favor da prisão em 2ª instância. Contra, apenas 56 em 594
congressistas. Claramente a favor, 51 senadores e 290 deputados. Já 119
deputados e 21 senadores estão escondendo o voto, não quiseram dizer. Devem
estar com medo de algum tipo de patrulhamento.
A propósito, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso do sítio de Atibaia, terá um
recurso julgado na quarta-feira (27). É um recurso do próprio Ministério
Público Federal, que achou pequena a sentença dada pela juíza Gabriela Hardt,
em fevereiro. Doze anos e onze meses, e o MPF quer mais. A defesa de Lula quer
anular tudo porque alega que ouviram o réu antes de ser ouvida uma testemunha,
que era colaboradora premiada da Justiça.
Luto: Toniquinho de Jataí
e Gugu
Por fim, eu queria
registrar a morte do Toniquinho de Jataí. Antonio Soares Neto morreu com 94
anos. Quando ele tinha 29, e era corretor de seguros, Juscelino Kubitschek
fazia um comício em Jataí no dia 4 de abril de 1955, como candidato à
Presidência da República.
Toniquinho levantou o
braço e perguntou para o candidato: “Olha, o senhor diz que vai cumprir a
Constituição, mas o artigo 4º das Disposições Transitórias está dizendo que a
capital vai ser transferida para o Planalto Central”. Juscelino pensou duas
vezes, levou dois segundos para responder e prometeu construir Brasília.
Isso foi uma mudança nos
planos de Juscelino, tanto que não está nas metas de campanha - e acabou sendo
a meta principal do governo. Foi uma transformação: tirou o Brasil do Litoral e
fez o país conquistar o interior, onde está a sua riqueza. Descanse em paz,
Toniquinho. Você ajudou a mudar esse país.
Descanse em paz, também,
Gugu Liberato, um homem tão bom durante toda a vida que, depois da morte, foi
bom também. A doação de seus órgãos vai permitir vida para 50 pessoas nos EUA
(porque não há como transportar a essa distância, o tempo deterioraria os
órgãos). Eu o conheci em Brasília. Estava na companhia de João Doria, que era o
presidente da Embratur e que, agora, como governador, decretou luto por três
dias. O corpo dele vai ser velado na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Alexandre Garcia
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