sexta-feira, 19 de julho de 2019






Tabata ou PDT? Quem perde mais 
se a deputada deixar o partido


A fritura da deputada federal Tabata Amaral (SP) dentro do PDT ganhou corpo nos últimos dias. O partido suspendeu a parlamentar e seus sete colegas que votaram a favor do texto-base da reforma da Previdência. Além disso, declarações públicas contra Tabata foram feitas pelos dois principais caciques da sigla: o ex-presidenciável Ciro Gomes e o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi. Ciro chegou a dizer, em tom de ironia, que Tabata deveria se juntar ao Movimento Brasil Livre (MBL).

Embora a suspensão seja aplicada de forma igual a todos os "rebeldes" do PDT, o caso de Tabata Amaral ganhou mais repercussão devido à história de vida da parlamentar e também por causa da atuação dela no início de legislatura. A deputada se tornou nacionalmente conhecida após interpelar com firmeza o então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, que acabou caindo dias após levar um sermão da pedetista na Comissão de Educação da Câmara. A empolgação em torno de Tabata levou até Lupi a apresentá-la, sem o seu conhecimento, como pré-candidata à prefeitura de São Paulo na eleição de 2020.

Toda a euforia, porém, acabou com a confirmação do voto de Tabata a favor da reforma da Previdência. Lupi disse esperar que ela e os outros parlamentares "evoluam" e mudem de postura no segundo turno da votação, previsto para agosto. No quadro de hoje, é pouco provável que a deputada prossiga no PDT. E a saída, se confirmada, pode causar danos expressivos para as duas partes.

O que o PDT perde

Tabata Amaral é uma estrela em ascensão. Sua trajetória até a eleição em 2018 e os posicionamentos do início de mandato a inseriram num seleto grupo de parlamentares que estrearam no Congresso em 2019 e que, ao fugirem da polarização PT-PSL, encarnaram o espírito da "nova política" desejado pela população.

Ao pressionar Tabata, portanto, o PDT abre mão de uma figura que tem adquirido relevância nacional. Há ainda outro desdobramento similar. O presidente pedetista disse que o partido não mais aceitará candidatos que tenham vinculação com movimentos sociais suprapartidários – Tabata é ligada ao Acredito, grupo que recebe recursos, entre outras fontes, do empresário Jorge Paulo Lemann. Com isso, o partido dispensa possíveis nomes com tendência de destaque nos próximos anos.

Uma expulsão de Tabata e dos outros "rebeldes" reduziria a bancada do PDT, que iria de 27 para 19 deputados federais. A alteração não mudaria a posição do partido no ranking de representatividade das siglas da Câmara, que é a 11ª colocação. No entanto, menos deputados significa menos espaço em comissões, menos poder de negociação nas barganhas políticas e também menos recursos do fundo eleitoral, considerado imprescindível pelos partidos após a proibição de doações por pessoas jurídicas.

Outro efeito negativo para o partido com o desligamento de Tabata é a perda do nome da pedetista para a disputa da prefeitura de São Paulo. Embora Tabata tenha negado a possibilidade quando questionada, o PDT via nela uma chance de finalmente ser competitivo em São Paulo, onde nunca obteve votações expressivas, e também de garantir no estado um palanque para o projeto de 2022, que é uma nova candidatura presidencial de Ciro Gomes.

O que Tabata perde

O fim da possibilidade de candidatura em São Paulo pelo PDT é também prejudicial à deputada. Afinal, a condição de "estrela" da legenda poderia fazer com que o partido investisse de modo expressivo em sua campanha. E uma das siglas que abriu as portas para receber Tabata, o PSDB, já tem candidato para a disputa paulistana, Bruno Covas, o atual prefeito da cidade.

Embora a deputada tenha sido eleita com a imagem pouco colada ao PDT, e que no Congresso também não tenha demonstrado um vínculo dos maiores com a legenda, perder a filiação partidária é algo que pode afetar seu trabalho como parlamentar. São os partidos os responsáveis pela indicação dos deputados às comissões – ou seja, caso Tabata realmente saia do PDT, a sigla poderá escolher outro nome para ocupar as vagas que a deputada tem hoje. Integrar um partido também possibilita ao parlamentar dispor de tempo adicional na tribuna da Câmara, se o espaço for concedido pelo líder.

E caso a deputada queira concorrer a um novo mandato eletivo – seja à prefeitura paulistana ano que vem, seja à reeleição ao Legislativo em 2022 – terá de estar vinculada a um partido, já que a legislação brasileira não permite candidaturas independentes.

Fonte: Gazeta do Povo

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