Mentiras e ameaças em uma
entrevista
tensa com o ditador da Venezuela
Um ambiente tenso, com o
ditador venezuelano Nicolás Maduro na defensiva e ameaçando o jornalista Jorge
Ramos, do canal americano Univision. Esta é uma sintese da entrevista realizada
em 25 de fevereiro, em Caracas. E antes que ela terminasse, Maduro levantou de
sua poltrona e confiscou a gravação, os celulares e as câmeras e determinou a
expulsão do apresentador e de sua equipe.
Mas, na semana passada, a
rede de televisão conseguiu recuperá-la.
A Univision destaca
que, nos mais de 17 minutos de entrevista, o ditador teria mentido pelo menos
sete vezes:
“Tudo o que temos obtido, Jorge, tudo foi pelo voto
popular”
Segundo a Univision, desde
que Hugo Chávez chegou ao poder em 1999, foram realizadas 24 eleições.
Entretanto, nem Chávez, nem Maduro respeitaram o resultado quando foi adverso.
É o caso da negativa dos venezuelanos à proposta de reforma da Constituição em
2007; as eleições regionais de 2008, quando a oposição ganhou a prefeitura
metropolitana de Caracas; em 2015, quando a oposição obteve a maioria no
Parlamento; e em 2018, quando o chavismo convocou duas eleições sem a
participação da oposição.
“(Ao general Hugo Carvajal) o tirei fora quando
cheguei ao governo. Botei-o fora por sua má conduta”
Maduro tomou posse em 19
de abril de 2013. Menos de uma semana depois colocou o general Hugo Carvajal à
frente da Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM). Ele ficou no
cargo até 16 de janeiro de 2014, quando foi nomeado cônsul em Aruba. Lá, ele
foi protagonista de uma crise diplomática, ao ser preso em 24 de julho de 2014.
Quatro dias mais tarde foi liberado. Retornou à Venezuela onde recebeu honras
de "herói da pátria." Em 2015, foi incluído na relação de candidatos
de Maduro às eleições parlamentares.
"Em Venezuela, as pessoas são julgadas porque
cometeram delitos. O primeiro deles é Lepoldo López."
O dirigente oposicionista
se entregou à Justiça em 18 de fevereiro de 2014, após ser acusado de causar as
43 mortes durante os protestos contra Maduro no início desse ano. Em setembro
de 2015, foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão pelos crimes de
incêndio, danos e associação criminosa.
Segundo a Univision, um
mês depois, o promotor responsável pelo caso fugiu da Venezuela e confessou
irregularidades no caso: "A juiza Susana Barreiros me confessou que
condenou Lopez por ordem de Diosdaldo Cabello e Nicolás Maduro."
" Em Venezuela, 29 pessoas foram queimadas vivas
em 2017. 29 pessoas foram assassinadas pela cor da pele, porque pareciam que
eram chavistas, porque parecia que eram pobres."
Vários números diferentes
de pessoas que supostamente teriam sido queimadas pela oposição circulam entre
Maduro e pessoas a serviço da ditadura na Venezuela. Organizações de direitos
humanos não tem registro desses casos.
O ativista e fundador da
ONG Provea, Marino Alvarado, disse à Univision, que o único caso que ocorreu no
contexto de uma marcha da oposição em 2017 foi de um indivíduo esfaqueado e
depois queimado. "Mas, segundo o Ministério Público foi uma vingança por
questões pessoais."
"Em Venezuela, não há prisioneiros por causa de
seu pensamento político."
A ONG Foro Penal
Venezuelano informou à rede norte-americana que, atualmente, existem 775 presos
políticos, entre eles o primeiro vice-presidente do Parlamento, Edgar Zambrano
e os deputados Juan Requesens e Gilber Caro.
"A situação nas cidades de Los Angeles e Nova
York: gente jogada nas ruas que se congelam em tempos de neve. Vi isto em Nova
York e em Miami."
A Univision destaca que
por várias oportunidades, primeiro como chanceler e depois como presidente,
Maduro viajou a Nova York, sede da Organização das Nações Unidas. Não se
conhecem viagens que ele tenha feito a Miami ou a Los Angeles, seja de caráter
oficial ou particular.
"Você não mora na Venezuela e não sabe sobre o
nível de proteção, de seguridade social que o povo tem, para aposentadorias,
emprego, renda e educação pública gratuita de qualidade para 80% de
venezuelanos."
O Banco Central da
Venezuela publicou, na semana passada, os primeiros indicadores oficiais desde
20143. O órgão admitiu que o país vive a pior crise da história. Os dados
oficiais apontam para uma inflação de 130.060% no ano passado e que a economia
nacional perdeu mais da metade de seu tamanho desde 2013.
Gazeta do Povo
OBS.: As declarações
grifadas são do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro
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