Venezuelanos
vasculham lixão
em busca de comida e coisas
para revender no Brasil
Em uma tentativa de
sobreviver após fugir da crise na
Venezuela, três homens venezuelanos encontraram no lixão da cidade
fronteiriça de Pacaraima, em Roraima, a única fonte de subsistência.
Enfiados entre os dejetos
da cidade, os imigrantes ficam da manhã à tarde em busca daquilo que possam
aproveitar. Recolhem metais, papelões e comida. Eles dizem que não conseguem
outro trabalho porque a cidade está cheia de venezuelanos carentes, enquanto
outros cometem crimes e “por um todos pagam”.
“Buscamos tudo o que possamos vender para
conseguir algum dinheiro. Se achamos alimentos que não estão podres, comemos”,
descreve Miguel Arteaga, 48, que há três semanas vive em Pacaraima. “Moramos os
três de favor em uma casa”.
O número de venezuelanos
que fogem para o Brasil aumentou em meio a manifestações
e confrontos no vizinho sul-americano desde a última terça-feira
(30).
O presidente
autoproclamado Juan Guaidó, que preside a Assembleia Nacional, anunciou ter
apoio de militares e convocou
o povo às ruasum dia antes do 1º de Maio para derrubar o regime de Nicolás
Maduro. O chavista, no entanto, afirma que os
oposicionistas "fracassarão".
Só na terça-feira
(30), 848
imigrantes passaram pelo posto de triagemna cidade fronteiriça de
Pacaraima. Segundo a operação Acolhida, que controla o fluxo migratório, o
movimento foi considerado “atípico” se comparado a média diária de 450.
Correria em aterro de
Pacaraima
O venezuelano em Pacaraima
Miguel Arteaga conta que duas vezes ao dia, normalmente de manhã e à tarde, um
caminhão leva mais lixo para o aterro. Nesses momentos costuma haver correria.
“Aparecem muitos
venezuelanos jovens, com 19, 20 anos. Correm quando o caminhão chega”, relata
um dos companheiros de Arteaga, Gustavo Santana, 48. “O governo da Venezuela
não serve. Nos fez chegar a este ponto”.
Com as pernas metidas no
lixo, o terceiro venezuelano revirava entre restos.
Ele encontrou um curto pedaço de arame e o guardou. Mais jovem entre os três, é
o que tem mais experiência ali. Está há três meses vivendo do lixo.
“Havia uma grávida, mas
ela já pariu e se foi daqui”, conta Fresby Artiaga, de 19 anos. “Pagam 10
centavos pelo quilo de papelão, e o de lata custa R$ 3. Dividindo tudo o que
conseguimos, são entre R$ 15 e R$ 20 ao dia para cada um. Só dá para comer”.
Um homem e quatro garotos
também caminham entre os montes de lixo. Um dos meninos carrega um saco nas
costas. São índios warao, etnia que vive em território venezuelano e também
migra em massa ao Brasil.
“De repente consigo um
dinheiro para passagens e me vou daqui”, completou Gustavo, que não esconde a
vontade de sair dali. “Quero ir mais ao Sul do Brasil, encontrar um trabalho.
Recomeçar”.
Com Portal G1
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