Paulo Guedes, o
Alzheimer do PT
e a turma tomando conta
O Ministro da Economia e provável indicado ao prêmio
Nobel de Paciência, Paulo Guedes, compareceu à Comissão Especial da Câmara para
discussão da Reforma da Previdência. “Tigrão” escaldado, o economista enfrentou
a sabatina da oposição (ao Brasil) com altivez e acidez. Destaque para duas
falas do Chicago Boy:
Alzheimer petista
“Quem fica 16 anos no Poder não
tem o direito de virar agora, com quatro ou cinco meses, e dizer que há milhões
de desempregados, falta de crescimento”
Edmund Burke, pai do conservadorismo, pontificou: “aqueles que não conhecem a
História, estão destinados a repeti-la”. A esquerda brasileira não
desconhece a história, apenas a rejeita. Como uma cartomante simulando
Alzheimer, sabe tudo sobre o Brasil dos próximos anos, mas finge esquecer o que
se passou na última década e meia. Petistas (e seus satélites) criticam
situações pelas quais são em grande parte responsáveis, como a recessão
econômica e seus efeitos devastadores na vida do cidadão – haja hipocrisia.
Tomando conta
“O funcionalismo público não é
culpado, mas também não é inocente. A função deles é tomar conta das coisas
públicas. Como teve desvio, roubalheira? Cadê a turma que tinha que tomar conta
disso?”
Justamente por seu fundo de verdade, a fala de Paulo Guedes
incomodou. Parte da solução para o “desvio e roubalheira” está
parada nas furnas da Câmara Federal. Por obra do presidente da casa, deputado
Rodrigo Maia, o pacote anticrime do Ministro Sérgio Moro está tomando um
chá-de-gabinete. Entre vários avanços na legislação penal, a proposta prevê a
recompensa ao “whistleblower”
(“bom informante”). Funcionários públicos poderão reportar casos de corrupção
de forma anônima e obter até 5% do valor recuperado a partir da sua denúncia –
um incentivo econômico para que o bom servidor delate seus chefes, subordinados
ou pares ladrões do erário.
Sobre a elite do funcionalismo, ela tomou conta sim das “coisas
públicas”. Só que de forma corporativista, por ação sindical ou política. Num
país em que aproximadamente 12% da força de trabalho atua no serviço público,
tínhamos na legislatura passada mais de 25% da Câmara Federal (132 deputados)
composta por servidores. Um total de 304 deputados (59% dos parlamentares)
apresentaram requerimentos ou propostas para privilegiar ainda mais essas categorias,
que são representadas por 267 associações e sindicatos – isso apenas em âmbito
federal.
Bancadas BBB
Em sua cobertura enviesada do Congresso Nacional, a grande
imprensa não economiza críticas às “bancadas BBB”: bala, boi e Bíblia.
Estranhamente, a bancada dos servidores costuma ser poupada. Ocorre que o
problema do Brasil não é a legítima defesa, nem o agronegócio, e muito menos os
evangélicos. O problema do Brasil são os privilégios, a ineficiência e a
corrupção.
O servidor público é um cidadão politicamente hiper-representado
e juridicamente beneficiado. Tem remuneração média 69% acima do valor de
mercado, estabilidade no emprego, direito à aposentadoria precoce e (muitas
vezes) integral. E se compararmos o cidadão comum com a elite do funcionalismo
público, o contraste se acentua a ponto de configurar flagrante injustiça.
Então, se a dúvida de Paulo Guedes não for meramente retórica e
ele quiser mesmo saber Cadê
a turma que tinha que tomar conta disso?, eu respondo: estava
tomando conta.
CAIO COPPOLLA
Gazeta do Povo
Gazeta do Povo
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