Os jornais lá fora dizem
uma coisa.
Os nossos, outra. Está todo mundo louco
Só para lembrar, dia 18 de
julho o Congresso entra em férias e está cheio de coisas que precisam ser
resolvidas até lá. Principalmente a reforma da Previdência, que é essencial e
inadiável. Fernando Henrique Cardoso fez um pouco. Lula fez um pouquinho. Temer
tentou, e ganhou zero lá no Congresso.
Agora, pelo menos, já
estão cedendo R$ 650 bilhões - quando é necessário R$ 1 trilhão para aliviar o
Brasil e fazer o país decolar, para começar a criar emprego, investir e crescer
a economia. Isso é necessário porque o país está parando por falta de dinheiro.
O governo está precisando
de crédito suplementar de R$ 249 bilhões para pagar seus programas sociais
porque senão não vai ter dinheiro para o Bolsa Família, para o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e para o Benefício
de Prestação Continuada (BPC).
A cobertura das
manifestações de domingo
Gente, o que é isso? Os
jornais do exterior estão relatando algo que aconteceu em outro país. Eles
dizem que foi uma manifestação de extremistas a favor de um presidente militar.
O presidente foi deputado durante 28 anos e 15 anos militar. O que está
acontecendo?
E os nossos estão dizendo
que foi uma manifestação muito pequena. A Av. Paulista foi recorde de povo, na
Av. Atlântica, no Rio de Janeiro, só perdeu para o Reveillon. Será que as
pessoas que falam isso não viram as fotos? Ou é medo da patrulha, ou é a grande
vontade de negar o óbvio. Negar imagens, negar fatos. Mas tudo bem, cada um
fala o que quiser.
Chegaram a lamentar o
clima hostil das ruas. O sujeito está lamentando a democracia, o analista lamentando
o povo na rua. É incrível.
Lamentaram que o
presidente tenha dito que as manifestações eram contra as velhas práticas da
política. Estão a favor das velhas práticas também?! É incrível, parece que
está todo mundo louco.
Uma legislação para cada
estado
Eu ouvi aquela boa
entrevista do presidente na noite de domingo para a TV Record em que ele tem
uma ideia nova: passar a legislação – que a Constituição diz que é da União –
para os estados. Pouco a pouco a gente fica parecido com os Estados Unidos nisso,
porque os EUA têm legislação estadual. Crimes são diferentes de estado para
estado.
Ele falou na legislação de
meio ambiente, que cada estado conhece as suas necessidades. As Assembleias
Legislativas conhecem as necessidades: a do Rio Grande do Sul, a de Roraima, a
do Rio de Janeiro, a do Acre, a de Santa Catarina, a do Pará. São todas
necessidades diferentes. Não se pode aplicar uma legislação ambiental para o
país inteiro.
Outro tipo de legislação
também pode ser a de trânsito. Vejam só os estados do Nordeste: tem muita moto
- o jegue foi substituído pela moto. Por isso, a legislação tem que ser um
pouco diferente porque a moto virou o veículo de necessidade familiar do
Nordeste.
E outro registro
Nesta terça-feira (28) o
Senado examina a MP que reduziu o tamanho dos ministérios e vai haver uma
tentativa de trazer de volta o Coaf - que sempre foi do Ministério da Fazenda -
para o Ministério da Justiça, de Sérgio Moro.
Não sei se vai ser
possível porque se fizerem essa alteração vai ter que voltar para a Câmara, e a
MP vence obrigatoriamente no dia 3 de junho.
A vida do brasileiro
Na segunda-feira (27),
caiu um avião monomotor, e morreram três. A cobertura que se deu para isso em
um dia em que morreram nas estradas brasileiras 113 brasileiros é uma coisa
incrível. A gente não se escandaliza com mortes diárias de 113 brasileiros -
essa é a média do ano passado pelo DPVAT.
Vejam só quantos ficam
inválidos no trânsito permanentemente por dia: 778 brasileiros. Está na hora da
gente pensar sobre esse problema. As indenizações para moto são de 75%; no
entanto, a moto significa apenas 27% da frota. Esse é outro problema bom para
ser pensado a propósito da legislação estadual sobre trânsito.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
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