Mônica Bérgamo, a
jornalista do Lula
Monica Bérgamo e Florestan Fernandes - Foto: Google/Reprodução |
Lula é corrupto, mente como respira. Um mitômano só cogita a
verdade se incentivado – daí a importância da delação premiada para desmantelar
esquemas ilegais. Contudo, o instituto da colaboração não se aplica a líderes
de organizações criminosas, restando a Lula apenas a batalha pela narrativa
política na arena pública. A recente entrevista chapa-branca, promovida pela Folha de S. Paulo e
pelo El País, serviu a
este propósito.
A conversa camarada com Lula teve dois jornalistas como
coadjuvantes. Mônica Bérgamo, da Folha, recebeu o elogio de sua vida ao ser chamada de
“minha jornalista” pelo ex-presidente, em um rompante de candura. Florestan
Fernandes Jr., do El Pais, preferiu
ele próprio tecer elogios ao entrevistado em sua conta no Twitter:
“Lula entrou na sala da PF
driblando o esquema rígido de segurança. Se aproximou dos entrevistadores e deu
um forte abraço em cada um de nós. Lula aproveitou cada segundo de sua
“liberdade”. Nem a gaiola em que foi trancado fez a “águia do sertão”
pernambucano perder seu esplendor.”
Nunca é demais lembrar que Lula está preso e condenado por
corrupção e lavagem de dinheiro. Seu caso foi julgado nos três graus de
jurisdição, no tribunal recursal (TRF-4) e na corte superior (STJ), por 20
juízes naturais – 12 dos quais nomeados por governos do Partido dos
Trabalhadores. Um esplendor.
Perguntas falam mais do que respostas
Se o entrevistado tem a mentira como método, mais útil é ignorar
suas respostas e destacar alguns trechos das perguntas que tornaram essa
entrevista tão… peculiar:
Caso Triplex: “o [Ministo] Marco Aurélio disse, recentemente, que não vê indícios de
crime no triplex do Guarujá. O senhor acredita que, com a devolução do dinheiro
que foi pago pela sua esposa por esse triplex, você pode tentar conseguir sua
absolvição, é possível isso?”
Já tratamos da apologia
da impunidade praticada pelo Ministro do STF , mas
nem ele ousou questionar a existência de crime. Vejam o real questionamento do
Ministro: “Houve apenas a corrupção ou
houve corrupção e lavagem [de dinheiro]?”. Esta é a famigerada “dúvida seríssima” de
Marco Aurélio.
Extrema-direita: “Seu partido perdeu a eleição ano passado e a extrema-direita chega
ao poder com o voto de muitos eleitores que eram do PT. Como o senhor avalia
essa guinada à direita de um eleitorado que era tão grato à sua administração?”
A balança ideológica da imprensa anda mesmo um pouco
descalibrada. O ideário político extremado, esteja ele à direita ou à esquerda,
pende invariavelmente para o autoritarismo e a centralização do poder. Críticas
não faltam ao Governo Bolsonaro, mas ele apresenta viés predominantemente
liberal e descentralizador. A nova administração não propôs nenhum retrocesso
legal aos direitos e garantias individuais, nem se lançou à perseguição
jurídica ou física de minorias. Quem quiser um exemplo de regime extremado
(autoritário e centralizador), pode encontrá-lo na Venezuela – aliás, tema da
próxima pergunta.
Venezuela: “Como o senhor vê a questão da Venezuela e quais as perspectivas
para preservar a democracia e o desenvolvimento da Venezuela hoje?”
Aqui temos um erro básico de semântica: para que algo seja
preservado, é preciso que exista. Algum leitor acredita que há democracia na
Venezuela, uma ditadura socialista bolivariana que persegue, prende e mata
opositores políticos?
Ligação do Gilmar Mendes: “O ex-primeiro ministro de Portugal deu uma entrevista e comentou o
telefonema que o ministro Gilmar Mendes deu ao senhor. Para ele, ‘são dois
adversários que sempre tiveram uma disputa política, mas o ministro Gilmar
ligou para ele, o presidente Lula chorou, o ministro Gilmar chorou e são dois
adversários chorando pelo passado que perderam. Onde um adversário reconhece a
legitimidade do outro. Eu queria que o senhor comentasse isso sob essa
perspectiva.”
Adversário que chora junto já pode ser considerado
“companheiro”. O que os une é o desejo de libertar corruptos do cárcere. Daí a
doutrina laxativa do Ministro Gilmar Mendes et caterva, que solta tudo e todos.
Situação financeira: “O senhor fica mais preocupado aqui preso com o quê? Com a
família, com os amigos, saber que eles estão passando dificuldades para se
colocar na sociedade? Porque, diferente do que disseram, muitos estão numa
situação financeira [ruim]…”
A julgar por suas pendências judiciais milionárias, Lulinha e
Luleco estão rindo em dólar desta pergunta.
Saideira: Presidente,
além de tomar uma cachaça com seus apoiadores, qual a primeira coisa que o
senhor vai fazer?
E assim se encerram as perguntas, naturalizando os maus hábitos
alcoólicos do ex-presidente. Antes fosse só isso. O problema maior é a
tentativa persistente de passar pano para outro vício do lulopetismo, a
corrupção. O jeito é lamentar a imprensa partidarizada e confiar no cidadão
consciente, pois, como disse o próprio Lula: “O povo tem paciência, mas não tem toda a paciência do mundo.”
Caio Coppolla
Gazeta do Povo
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