A volta de Leopoldo Lopez e a
rebeldia pacífica na Venezuela
O líder da oposição, preso
há cinco anos, ressurge ao lado
de Guaidó para tentar tomar o controle do país
O líder da oposição Leopoldo
López anunciou na manhã desta terça-feira, 30, que um grupo de apoiadores
militares do presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, o início
da Operação Libertad. Lopez, que
estava preso há cinco anos, só pode fazer isso porque um grupo de ao menos 50
militares deu segurança para que ele deixasse a prisão domiciliar à revelia do
governo ditatorial de Nicolás Maduro.
"Venezuela:
iniciou-se a fase definitiva para o fim da usurpação, Operação Libertad. Fui
liberado pelos militares à ordem da Constituição e do presidente Guaidó.
Estou na Base La Carlota. Todos devem se mobilizar. É hora de conquistar a
liberdade. Força e Fé", escreveu ele em sua conta no Twitter.
O líder do Voluntad Popular foi
visto em conjunto com o presidente Guaidó na base aérea de La
Carlota, a leste de Caracas, onde ocorre uma insurreição militar que busca
encerrar definitivamente a ditadura de Nicolás Maduro.
Lopez estava sob custódia
desde 18 de fevereiro de 2014, quando se entregou à Guarda Nacional, depois que
um mandado foi emitido contra ele por liderar o dia do protesto
antigovernamental conhecido como La Salida .
Com uma sentença de 13
anos, 9 meses, 7 dias e 12 horas de prisão, ele foi mantido na prisão militar
de Ramo Verde, em Los Teques, até 8 de julho de 2017, quando progrediu para a
prisão domiciliar. Sua residência era permanentemente guardada por agentes do
Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin).
O anuncio de Guaidó
Logo depois, o presidente
da Venezuela, Juan Guaidó, também anunciou na base aérea de La Carlota a
Operação Libertad. No vídeo transmitido por suas redes
sociais, Guaidó está acompanhado de Leopoldo López e de oficiais da
Guarda Nacional (GN) e convoca funcionários públicos para a “conquista da
soberania nacional”. “Hoje, bravos soldados, corajosos patriotas, bravos homens
ligados à nossa Constituição vieram ao nosso chamado”, acrescentou.
Cerca de 50 militares, a
maioria deles pertencentes à Guada Nacional, acompanham Guaidó,
nos arredores de La Carlota. Os soldados que estão presentes pertencem ao
comando que guarda a segurança do Palácio Legislativo, sede da Assembleia Nacional,
da qual Guaidó é presidente.
A insurreição desses
militares não veio sem repressão daqueles que apoiam Maduro. Por
volta das 8 da manhã, no horário local, os soldados que estavam na parte
de dentro da base aérea La Carlota, que deveriam ser leais a Nicolás Maduro,
dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra as outras tropas na rodovia
Francisco de Miranda, que apoiavam Guaidó e que não responderam à
agressão.
"Povo da Venezuela:
começou o fim da usurpação. Neste momento estou me encontrando com as
principais unidades militares de nossas Forças Armadas, começando a fase final
da Operação Liberdade ", escreveu Guaidó em sua conta no
Twitter.
Convocação do Grupo de
Lima
O ministro das Relações
Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, pediu aos países do Grupo de
Lima que participem de uma reunião de emergência para continuar "nossa
tarefa de ajudar o retorno da democracia" na Venezuela. Holmes
Trujillo se pronunciou após a o grupo de soldados se insurgirem contra o
governo de Nicolás Maduro, nesta manhã.
"Convoco todos os
países membros do Grupo de Lima para que hoje continuemos com nossa tarefa de
apoiar o retorno da democracia e da liberdade à Venezuela e definamos, por
mútuo acordo, uma reunião de emergência", escreveu ele em sua conta no
Twitter.
O Grupo de Lima é um clube
de chanceleres latino-americanos que estão discutindo a situação crítica da
Venezuela e que tentam encontrar uma saída pacífica para a crise política e
humanitária do país. O grupo é formado por Argentina, Brasil, Canadá,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México,
Panamá, Paraguai, Peru, e Santa Lúcia
A resposta dos militares a
favor de Maduro
O ministro da Defesa,
Vladimir Padrino López, descreveu como "covardes" os
militares que se levantaram contra Maduro. Depois de rejeitar a ação que,
segundo ele, "pretende encher o país de
violência", Padrino López disse que "há normalidade nos
quartéis e nas bases militares".
"Nós rejeitamos esse
movimento golpista que visa encher o país de violência. Os pseudo líderes políticos
que se colocaram à frente desse movimento subversivo usaram tropas e policiais
com armas de guerra em uma via pública na cidade para criar ansiedade e terror
", escreveu ele em sua conta no Twitter. “São uns covardes!”,
acrescentou.
Padrino López afirmou
que os militares permanecem "firmes em defesa da ordem constitucional e da
paz da República, assistidos pela lei, razão e história. Sempre leais,
traidores nunca”.
Com Revista Época
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