sexta-feira, 19 de abril de 2019





Era só jornalismo, senhores ministros

A arbitrariedade se estendeu por quatro dias. De segunda a quinta-feira. Mas felizmente caiu. Mas deixou no ar a marca do autoritarismo. E foi a prova de que, quando querem, os poderosos podem retorcer a realidade para atingir aqueles que os incomodam.

A decidir censurar Crusoé, o ministro Alexandre Moraes recorreu a uma nota da Procuradoria Geral da República para nos acusar de publicar fake news. Tudo porque Raquel Dodge afirmara que não havia recebido ainda o documento que embasava a reportagem.

Na cabeça do ministro, se a Procuradora disse que não havia recebido ainda o papel, nada mais era preciso para concluir que a informação era falsa. Uma evidente pirueta jurídica, como publicamos aqui, para atingir o objetivo de tirar do ar um texto que havia desagradado o presidente da Corte, Dias Toffoli.

Ao voltar atrás de sua decisão, nesta quinta, Alexandre Moraes teve de reconhecer que, sim, o documento existe. Faltou desculpar-se pela acusação indevida e injusta.

Para além disso, o ministro deixou claro que a perseguição continuará. Evidente está que a ideia, é construir a narrativa de que a reportagem era parte de uma maquinação, em parceria com integrantes da Lava Jato, para emparedar o Supremo. Outro absurdo.

O documento que revelamos está disponível, para quem quisesse acessá-lo, no sistema de processos eletrônicos da própria Justiça. Chegamos primeiro e publicamos. Simples assim.

Era só jornalismo, senhores ministros.

Rodrigo Rangel
Diretor de Redação

Obs.: Nota publicada na Revista Crusoé de hoje, 19.

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