Era só jornalismo, senhores ministros
A arbitrariedade se estendeu por quatro dias. De segunda a
quinta-feira. Mas felizmente caiu. Mas deixou no ar a marca do autoritarismo. E
foi a prova de que, quando querem, os poderosos podem retorcer a realidade para
atingir aqueles que os incomodam.
A decidir censurar Crusoé, o ministro
Alexandre Moraes recorreu a uma nota da Procuradoria Geral
da República para nos acusar de publicar fake news. Tudo porque Raquel Dodge
afirmara que não havia recebido ainda o documento que embasava a reportagem.
Na cabeça do ministro, se a
Procuradora disse que não havia recebido ainda o papel, nada mais era preciso
para concluir que a informação era falsa. Uma evidente pirueta jurídica, como
publicamos aqui, para atingir o objetivo de tirar do ar um texto que havia
desagradado o presidente da Corte, Dias Toffoli.
Ao voltar atrás de sua decisão,
nesta quinta, Alexandre Moraes teve de
reconhecer que, sim, o documento existe. Faltou desculpar-se pela acusação
indevida e injusta.
Para além disso, o ministro deixou claro que a
perseguição continuará. Evidente está que a ideia, é construir a narrativa de
que a reportagem era parte de uma maquinação, em parceria com integrantes da
Lava Jato, para emparedar o Supremo. Outro absurdo.
O documento que revelamos está disponível, para quem
quisesse acessá-lo, no sistema de processos eletrônicos da própria Justiça.
Chegamos primeiro e publicamos. Simples assim.
Era só jornalismo, senhores ministros.
Rodrigo Rangel
Diretor de Redação
Obs.: Nota publicada na Revista Crusoé de hoje, 19.
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