Adélio Bispo, agressor de
Bolsonaro,
é ‘louco ou louco de esperto’?
A Polícia Federal está
pedindo a prorrogação por mais três meses do inquérito sobre a tentativa de
assassinato, no dia 6 de setembro, do candidato líder das pesquisas para
presidente, Jair Bolsonaro – que depois foi eleito. A investigação ainda não
terminou porque estão querendo dar uma satisfação que a gente acredite.
Essa história de dizer que
o Adélio Bispo estava sozinho com todas essas mortes que houve na pensão; com
esse advogado caríssimo que apareceu de avião; com aquela história
complicadíssima de ele estar registrado como visitante da Câmara Federal no dia
6 de setembro também, quando ele estava em Juiz de Fora… Tudo isso deixa a
gente com o pé atrás.
Então a Polícia pediu mais
90 dias para concluir o inquérito, e esse vai ser o último prazo. Já apareceu
atestado médico dizendo que ele é meio desequilibrado. O fato é que ele se
formou em Pedagogia, teve um monte de emprego antes disso, andava meio atrás
dos Bolsonaros indo até Santa Catarina em um stand de tiro. Tudo isso faz a
gente desconfiar bastante.
Outro assunto é um
terremoto…
Esse na Indonésia, que
precisou de 6,41graus na Escala Richter para derrubar dois prédios e matar oito
pessoas.
No Rio de Janeiro não
precisa, o terremoto é outro: é a irresponsabilidade e a bagunça geral. Caíram
também dois prédios, que foram construídos em área de proteção ambiental, como
centenas de outros prédios da mesma região. Sem habite-se, sem nada.
Absolutamente ilegais e as pessoas compram e vão morar lá. Morreram 24 pessoas.
É a irresponsabilidade que
acontece muito no Rio de Janeiro. Alguém do Governo faz corpo mole, deixa
acontecer. E alguém está fazendo.
Lá é uma área de milícias.
Quem construiu não fez o cálculo estrutural, assim como os outros prédios que
estão ali e que têm o risco de cair. Porque se esses caíram, os outros também
correm o mesmo risco.
E as pessoas que não têm
onde morar pagam uma ninharia para comprar apartamentos lá e depois acontece
essa tragédia. Outras tragédias poderão vir.
Propina na Faria Lima
Eu queria registrar outra
informação do período das propinas da Odebrecht. Descobriu-se agora que na
Faria Lima, em São Paulo, tinha uma sala que era o ponto de chegada de dinheiro
vivo. Porque para pagar propina daquele tamanhão, que a Lava Jato descobriu,
tinham que pegar dinheiro em algum lugar – e não era no banco.
Eles se deslocavam até
lojistas na 25 de março e os doleiros faziam trocas – provavelmente em dólar.
Precisaram de 39 viagens de carro blindado cheios de dinheiro para pagar
propina em um período de nove meses, entre 2014 e 2015. Lá no departamento de
Propinas da Odebrecht.
Reforma da Previdência
Nesta terça-feira a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara debate a Reforma da
Previdência. E provavelmente irá aprovar, porque não é difícil: é um
vestibular. Depois a Reforma vai para a Comissão Especial e daí começa a
discussão na parte técnica disso tudo.
Subsídios
No ano passado somaram R$
314 bilhões em subsídios. O governo dá um estímulo, presta um favor para
determinada atividade, baixa os juros, fornece financiamento para pagar a
faculdade do estudante, tira algum tributo. Essas negociações e subsídios já
renderam bastantes investigações na Lava-Jato.
Em 2015 esse número foi
pior. No ano passado o subsídio foi equivalente a 4% do PIB, mas em 2015 foi
equivalente a quase 7% do PIB. Imaginem só. No ano passado, R$ 293 bilhões
destes R$ 314 bilhões de subsídios foram benefícios tributários.
Agora adivinhem quanto a
agropecuária levou nisso tudo? Ela que sustentou a balança comercial, a balança
de pagamentos e deu tanta riqueza ao país e ajudou a alimentar o país e o
mundo. De R$ 314 bilhões no ano passado, a agropecuária levou R$ 2,8 bilhões.
Pouquinho. Tem gente que produz menos e leva mais. Esse é o Brasil.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
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