Foram muitos dias ouvindo
e lendo comentários sobre o ódio. Alguns definiram que a eleição no Brasil
estava pautada pelo ódio ao PT e o fascismo de Bolsonaro. Criou-se a ideia de
que desejar mudar, tirando do poder uma forma populista de governar sob o domínio
da corrupção e da mentira, da roubalheira, do uso da máquina e do dinheiro
público, era demonstração de fascismo e nazismo.
Durante toda a campanha do
segundo turno, o que se viu, leu e ouviu, foi um discurso de guerra, de
intolerância, de ameaças. Não votar em Haddad era ódio ao seu partido. Votar em
Bolsonaro era apoiar a truculência, o racismo, a homofobia, a tortura e o fim
da democracia.
Instalou-se um quadro de
guerra entre amigos, familiares, pessoas inteligentes, algumas, outras nem
tanto, que resultaram em conflitos, discussões ferrenhas, cada um tentando
impor sua maneira de pensar e acreditando em suas próprias palavras e maneira
de ser.
Por mais de uma vez
escrevi que jamais tive ódio de alguém ou de alguma coisa. Que ódio é uma
palavra muito forte e que não cabe no coração da maioria das pessoas, a não ser
daquelas que tentam transferir seus problemas, suas decepções, para terceiros,
seja lá quem for. É bem mais fácil jogar
a culpa nos outros quando, na verdade, somos os verdadeiros culpados. Repito
que nunca tive ódio de ninguém, mesmo daqueles que, de alguma forma, me
prejudicaram, me trouxeram problemas. Como diria Mário Quintana, “eles
passarão, eu passarinho”.
O que se estabeleceu no
segundo turno da eleição, foi o desejo da maioria de mudar o que está ocorrendo
no Brasil. Depois de quase 15 anos de um único partido no poder, o brasileiro
cansou de tanta corrupção, de tanta promessa não cumprida, de tanta mentira, de
tanto apoio a regimes ditatoriais, inclusive com o dinheiro suado da gente,
tudo pela ânsia de manter nas mãos o governo, a qualquer custo.
A arrogância de quem se
considerava dono do Brasil, acabou criando a figura de Bolsonaro que, de uma
hora para outra, passou a ser a bandeira da esperança para alguns. Desde que se
lançou candidato, Bolsonaro foi se transformando no calcanhar de Aquiles dos
que, sem outros argumentos, desesperados com a intransigência de um condenado
que se julga todo poderoso, criaram a cultura do ódio. Não fosse a insistência
de Lula em se manter ‘candidato’ até a última hora, mesmo sabendo que jamais
passaria pelo TSE, quem sabe o resultado fosse diferente. Demorou para lançar
Haddad e acabou derrotando seu próprio projeto.
Ontem, depois da eleição
de Bolsonaro, assisti ao discurso do candidato derrotado. Ao lado dos mesmos de sempre,
Haddad foi o próprio representante da arrogância, da intransigência que
caracteriza seu partido. Falou em ser oposição, criticou o que pensa que vai
acontecer e, para culminar, não teve a educação, o bom senso de fazer o que todo
o derrotado faz, ou seja, cumprimentar o vencedor. Haddad, naquele momento,
representou o que fez com que o brasileiro decidisse tomar outro rumo. O ódio
pregado por quem defendeu a candidatura petista foi destilado com toda a força
por Fernando Haddad. Ali ele mostrou quem é. Um político rancoroso, triste e magoado enquanto o Brasil comemorava
a vitória de Bolsonaro.
É como eu penso!
Machado Filho
Nenhum comentário:
Postar um comentário