Procura-se um candidato a
vice que se resigne a ser uma espécie de boneco de ventríloquo de Lula. Pode
ser de carne e osso e movimentar-se como se fosse uma pessoa normal. Exige-se
apenas que abra e feche a boca em sincronia com a voz do seu dono. E que faça
tudo o que ele mandar até o fim da campanha eleitoral e, caso se eleja, até o
último dia do mandato de presidente da República.
Se tivesse procedido dessa
maneira, é bem possível que Dilma ainda fosse a locatária do Palácio da
Alvorada, às vésperas de transferir a faixa presidencial para seu sucessor –
provavelmente Lula. Mas ela rebelou-se e preferiu governar ao seu estilo,
obedecer às próprias ideias, candidatar-se a um novo mandato quando não
deveria, e aí deu no que deu. É história conhecida.
A senadora Gleisi
Hoffmann, presidente do PT, tem o perfil do boneco ao gosto de Lula. O
ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, menos, mas Lula poderá escolhê-lo à
falta de algo melhor. Manuela d’Ávilla foi reprovada no primeiro teste. Lula
queria que ela renunciasse primeiro à candidatura a presidente mesmo depois de
lançada por seu partido.Só mais tarde seria indicada para vice.
Manuela talvez topasse.
Quem não topou foi o Partido Comunista do Brasil (PC do B). Seria humilhação
demais para os dois – Manuella e o partido. E se mais tarde, por qualquer
razão, Lula desse o dito pelo não dito? Não foi assim com Marília Arraes, candidata
do PT ao governo de Pernambuco? Lula disse que votaria nela se militasse por
lá. Depois rifou sua candidatura.
Não se descarte a hipótese
de que Lula acabe por não escolher boneco algum. Ou que só o escolha vencido o
prazo estipulado pela Justiça que termina hoje, e que ele quer prorrogar até o
próximo dia 15 contra a opinião dos seus advogados. Mais uma afronta à Justiça
que serviria a Lula para que se vitimizasse. Todavia, poderia ser também mais
uma jogada bolada por ele de dentro do cárcere.
Sem candidato a presidente
(e para Lula é inconcebível que o PT concorra ao cargo com outro nome), o
partido usaria o que lhe cabe no milionário Fundo Partidário para financiar a
eleição de deputados e senadores, preservendo sua força no Congresso. Ainda
sobraria grana para sustentar-se pelos próximos anos. Seria, digamos assim, uma
nova versão do mensalão. O mensalão ponto três.
Portal VEJA
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