Eleitor ama ser enganado,
e os políticos sabem disso. Depois fica furioso quando descobre que foi
enganado – os políticos também sabem disso, mas não ligam desde que se elejam.
Fernando Collor era
candidato a presidente em 1989 e acabara de sair de um comício no interior do
Ceará onde usara um discurso em tudo semelhante ao que faz hoje Jair Bolsonaro.
Entrou no carro que o
aguardava na companhia do seu aliado Tasso Jereissati (PSDB), governador do
Estado, e começou a gargalhar do que dissera. Foi Jereissati que me contou à
época.
Como é fácil enganar
eleitor! Primeiro você diz um monte de coisas que pensa e que imagina que ele
possa pensar. Se vir que não é bem assim, você nega o que disse e muda de
assunto. Funciona.
Se ainda assim lhe
cobrarem pelo que disse, não se preocupe. Responda que foi mal interpretado. Ou
culpe a mídia por tirar do contexto algumas de suas frases. Costuma dar certo.
Donald Trump, presidente
dos Estados Unidos, é um craque nisso e dá um passeio nos seus adversários,
incluindo a mídia. Mais tosco do que Trump, Bolsonaro ainda tenta aprender. É
um bom aluno.
Diga-se a favor, dos dois,
que eles não são os únicos a procederem dessa maneira. Está para nascer um candidato
que só defenda o que fato acredita, sem ligar para o que o eleitor pense a
respeito
Talvez eu exagere.
Lembro-me de um assim que conheci de perto: o jurista baiano Josaphat Marinho.
Foi senador duas vezes, eleito por obra e graça de Antônio Carlos Magalhães.
Portal VEJA
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