Para alguns candidatos
será constrangedor e difícil explicar. Para milhões de eleitores vai ser quase
impossível entender as próximas cenas da campanha eleitoral.
O primeiro capítulo vai ao
ar na sexta-feira, quando começa propaganda política no rádio e na televisão.
Nesse dia, por coincidência, se completam dois anos do último impeachment (em
três décadas de democracia, o país já derrubou metade dos quatro presidentes
que chegaram ao Planalto pelo voto direto).
Em vários estados o
eleitor será surpreendido com o desfile do PT de Dilma e Lula abraçado aos
“golpistas” do MDB de Michel Temer. Foram parceiros no poder por 12 anos e sete
meses, até o impeachment de Dilma.
Atravessaram os últimos 24
meses em histeria na Câmara e no Senado. Todo dia, gastavam hora e meia nos
plenários injuriando-se como “ladrões” e “corruptos” — não necessariamente
nessa ordem. Houve parlamentar petista que fez 350 discursos de ataques aos
“golpistas”, dois terços do Legislativo.
Agora, o PT está de novo
entrelaçado ao MDB de Temer, ao PR de Valdemar Costa Neto, ao PP de Ciro
Nogueira, ao PTB de Roberto Jefferson, ao PSD de Gilberto Kassab, ao SD de
Paulinho da Força, ao DEM de Rodrigo Maia e ao PSB dos Arraes. Por milagre
eleitoral, todos voltaram a ser bons companheiros.
Pelos antigos sócios, em
nove estados os petistas renegaram o PCdoB, seu mais fiel e permanente aliado.
Esse partido precisa de bancada em nove estados (ou 1,5% dos votos válidos no
país) para se manter no mapa político.
Foi preciso ordem judicial
para obrigar o PT do Amazonas a não deixar desamparada a senadora comunista
Vanessa Graziottin (PCdoB), isolada na batalha pela reeleição. Em Pernambuco,
aniquilou uma candidatura própria (Marília Arraes) para apoiar a reeleição de
um “golpista”, o governador do PSB em Pernambuco (Paulo Câmara).
Razão tinha o poeta
Drummond, quando dizia que uma eleição é feita para corrigir o erro do pleito
anterior, mesmo que o agrave.
Portal O Globo
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