Para o bem ou para o mal
Antonio Lucena/Ilustração/Veja/Reprodução |
O PT inventou o discurso
de que o melhor seria insistir com a candidatura inexistente de Lula para
esconder a verdade de que lhe falta um candidato com chances de vencer.
Notável, pois. Com 38 de
idade, e tendo disputado todas as eleições de 1982 para cá, o segundo maior
partido do país (o primeiro é o PMDB) foi incapaz de parir outros nomes de
peso. Por quê? Porque isso jamais interessou a Lula.
Ninguém à sombra dele se
criou. Por timidez de alguns. Por receio de outros de acabarem marginalizados
por Lula. Por azar de poucos que acabaram ficando pelo meio do caminho ao se
meterem em enrascadas.
Um desses poucos foi o
ex-ministro José Dirceu, o coordenador da campanha presidencial de Lula em
2002. Incomodava Lula a condição não oculta de Dirceu de uma espécie de
primeiro-ministro do governo.
No que Dirceu apareceu
como o chefe do esquema do mensalão do PT, Lula mandou que ele se demitisse.
Nada fez para impedir que Dirceu fosse cassado. A Justiça inocentou Dirceu da
acusação de ter chefiado o esquema.
O ex-ministro Antônio
Palocci, que Lula chamava de “meu irmão”, e que confessa ter administrado o
dinheiro da propina paga a Lula, caiu ao se envolver com a quebra do sigilo
bancário de um caseiro.
Houve também aqueles que
preferiram pedir as contas e ir embora do PT. Marina Silva, petista de raiz,
por exemplo, foi um deles. E houve os expulsos, como Luiza Erundina, que foram
se abrigar em outros partidos.
Sempre que lhe pareceu conveniente,
Lula fingiu distanciar-se do PT. Sempre que se viu em apuros, correu para o
colo do PT. Assim foi quando o governo de Dilma começou a ir para o brejo e ele
não viu mais como salvá-lo.
E mais recentemente foi
assim quando a Lava Jato bateu à porta de Lula, obrigou-o a sentar no banco dos
réus e por fim condenou-o a 12 anos e um mês de cadeia pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Encarcerado em Curitiba,
Lula encarcerou também o PT. Fracassou, porém, no seu intento de encarcerar
toda a esquerda. Parte dela circula por aí carregando Marina, Ciro Gomes,
Guilherme Boulos e Manuela d’Ávilla.
Lula e seus dóceis
serviçais teimam com a história de que o candidato do PT a presidente a ser
escolhido em cima da hora herdará os votos de Lula e disputará o segundo turno.
E se não for assim?
Se não for, que não
atribuam mais essa culpa a Lula. Vítima de um golpe, Lula terá mais com o que
se preocupar. É ele quem vê o sol quadrado há mais de 100 dias. É ele que está
com os bens bloqueados. Até ficou viúvo.
Com a preciosa ajuda do
PT, Lula já garantiu a essa altura a condição de mártir no imaginário coletivo
dos que gostaram dos seus governos, embora desaprovem seus malfeitos.
Portal da Revista VEJA
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