Palocci vai abrir
computadores de consultoria
Foto: Agência Globo/Reprodução |
O ex-ministro Antonio Palocci, preso há quase
dois anos em Curitiba no âmbito da Lava-Jato,
prometeu entregar nos próximos dias uma série de arquivos envolvendo negociatas
da sua consultoria, a Projeto, e
empresas que contrataram o trabalho e a influência do ex-todo-poderoso dos
governos petistas para engordar seus cofres — na maioria das vezes de forma
ilícita. O material reúne contratos, planilhas e outras evidências mantidos até
hoje em segredo nos computadores da consultoria de Palocci que abrirão uma nova
frente de investigação dentro da maior operação de combate de corrupção do
Brasil com foco em empresas privadas.
O compartilhamento desses
dados é a principal condição para que o ex-ministro deixe a prisão e progrida
para o regime domiciliar com tornozeleira, segundo o acordo de delação assinado
por ele com a Polícia Federal, em abril, e homologado no fim de junho pelo juiz
João Pedro Gebran Neto, o relator da Lava-Jato na Tribunal Federal Regional da
4ª Região (TRF-4).
Quando a PF fez buscas no
escritório da Projeto, em São Paulo, em setembro de 2016, os investigadores
encontraram apenas teclados, mouses e monitores, mas não acharam nenhum
gabinete de computador. Questionado sobre o fato, o principal assessor de
Palocci na época, Branislav Kontic, que também chegou a ficar preso em
Curitiba, disse que as máquinas haviam sido substituídas por laptops novos.
Os dados dos computadores
da Projeto ainda não foram entregues à PF porque estão passando por uma análise
de peritos contratados por Palocci, que estão organizando o material de maior
relevância para facilitar o trabalho dos investigadores de filtrar os conteúdos
que envolvem crimes. A previsão é que a perícia termine nesta semana e que o
material seja remetido à PF. Apesar dessa triagem, o conteúdo integral dos HDs
da consultoria será compartilhado.
Fontes da PF afirmaram,
porém, que a entrega dos dados não garante a imediata saída de Palocci. Para
isso acontecer, é necessário que os investigadores avaliem se o material de
fato ajudará no avanço de apurações ou contribuirá para a abertura de novas
frentes. Diferentemente das delações premiadas firmadas com o Ministério
Público Federal (MPF), em que multas e prazo de pena são definidas na
assinatura do acordo, nas negociações com a PF os benefícios do delator estão
diretamente ligados à efetividade das informações e dados cedidos por ele.
No entanto, a entrega das
informações não suspenderá o bloqueio dos R$ 30 milhões nas contas da Projeto
desde 2016, quando o ex-ministro foi preso. A decisão do desbloqueio, uma das
principais preocupações de Palocci, caberá principalmente ao juiz Sergio Moro.
Um relatório da Receita
Federal mostrou que a consultoria recebeu R$ 81,3 milhões de 47 empresas que
contrataram seus serviços nos nove anos de funcionamento do escritório. Segundo
o mesmo documento, a Projeto rendeu, entre 2007 e 2015, pouco mais de R$ 12
milhões a Palocci, sendo R$ 336 mil em remuneração do trabalho e R$ 11,7
milhões em lucros e dividendos.
Portal O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário