Dois dias depois que
o Supremo
Tribunal Federal autorizou delegados de polícia a fecharem acordos de
delação premiada, o desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Operação
Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), homologou, nesta
sexta-feira, 22, a delação do ex-ministro Antonio Palocci feita
exclusivamente à Polícia Federal.
O conteúdo dos anexos da
delação de Palocci é mantido em sigilo pelo TRF-4. A proposta de delação
premiada inicialmente oferecida por Palocci tem cerca de 50 anexos temáticos.
Além de incriminar o
ex-presidente Lula, as revelações aumentam o número de empresas investigadas
por corrupção nos governos do PT e avança sobre o setor financeiro, além de
ajudar a decifrar velhos escândalos do governo, como o Mensalão.
Preso desde setembro de
2016 na Operação Omertà, fase 35 da Lava Jato, e condenado a 12 anos e 2 meses
de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Palocci firmou acordo
apenas com a PF.
Na Omertà foi investigada a
relação entre o ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda com o comando da
principal empreiteira do país, a Odebrecht.
Segundo a PF , Palocci
atuou diretamente como intermediário do grupo político do qual fazia parte
perante o Grupo Odebrecht.
Em ações da Lava Jato em
curso, o petista já prestou depoimentos em que confessou crimes e revelou
suposto ‘pacto de sangue’ do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o
empreiteiro Emílio Odebrecht.
A Lava Jato apreendeu R$
70 milhões em bens móveis e imóveis de Palocci. Investigadores informaram que
ele vai sair com R$ 35 milhões, ou seja, a Justiça deverá manter o confisco de
metade daquele montante, em troca de revelações do ex-ministro.
A delação de Palocci deve
fortalecer as acusações contra Lula, preso na Lava Jato desde 7 de abril para
cumprimento e condenado a 12 anos e um mês de reclusão no processo do triplex
do Guarujá, e abrir frentes de investigação ligadas aos setores financeiro e
automobilístico, além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
Parte do que o ex-ministro
pode esmiuçar em sua delação ele já adiantou ao juiz Sérgio Moro, no
interrogatório realizado no dia 6 de setembro de 2017, em uma das ações penais
a que Lula responde por supostas propinas de R$ 12,5 milhões da Odebrecht. Na
ocasião, Palocci confessou negociar valores ilícitos em 2010, quando teria sido
acertado um acordo de R$ 300 milhões da Odebrecht para o PT.
Nessa mesma audiência,
Palocci acenou com sua disposição em ‘colaborar’ com a Lava Jato. Outra
sinalização do ex-ministro foi a carta de desfiliação do PT, redigida de
próprio punho e divulgada também em setembro de 2017, em que incriminava Lula e
a ex-presidente Dilma Rousseff.
Agência Estado
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