Envelhecimento da população gera alta
A expectativa de envelhecimento da população brasileira e
o aumento dos custos médicos devem elevar os valores dos planos de saúde até
2030, de acordo com Leandro Fonseca, diretor-presidente da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS). O assunto foi debatido hoje (9) no Fórum da Saúde
promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), na capital
paulista.
Até 2060, a faixa etária com 80 anos ou mais somará 19
milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A ANS calcula que um em cada quatro brasileiros tem plano de saúde, o que
movimentou R$ 160 bilhões em 2016. O setor realizou mais de 1 bilhão de
procedimentos médicos no ano passado.
Para Leonardo Paiva, chefe de gabinete da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil passará pela transição
demográfica antes de se tornar um país desenvolvido, o que aumentará o desafio.
“Teremos a mudança de doenças infecto-contagiosas para doenças crônicas [comum
à terceira idade]. As indústrias [farmacêuticas] estão se movendo para isso.
Hoje, 40% dos novos registros de medicamentos são para oncologia”, declarou
Paiva.
Para o chefe de gabinete da Anvisa, o Sistema Único de
Saúde (SUS) precisa se preparar para o aumento de gastos com medicamentos
voltados à população mais madura, que sofre com doenças crônicas. Ele prevê
elevação do número de decisões judiciais obrigando o Estado a custear
medicamentos o que, atualmente, é predominante entre doenças raras. Em 2015 e
2016, foram gastos R$ 1 bilhão ao ano com os dez medicamentos mais solicitados
por meio da Justiça.
Outra questão apontada pelo diretor da ANS é a falta de
gestão de saúde adequada entre as operadoras dos planos. O país tem 900
operadoras, sendo que 125 delas respondem por 80% dos beneficiários. Segundo
ele, os consumidores realizam muitos exames sem necessidade por falta de
orientação.
No país, a saúde suplementar faz 132 exames de
ressonância magnética por mil habitantes, média muito elevada. “Há um
desperdício enorme de recursos porque os usuários do sistema não são orientados
a transitar pela rede. As soluções são uso consciente do consumidor e a
reorganização da rede”, disse.
As operadoras de saúde que entram em processo de
desequilíbrio econômico raramente são adquiridas por outras organizações,
devido aos riscos sucessórios tributário e trabalhista. Fonseca explica que,
diante das dificuldades, as operadoras passam a deteriorar seus serviços e a
perder as melhores prestadoras.
“Não tem uma alternativa saudável, no âmbito jurídico,
para que [a operadora] seja adquirida. Ela vai deteriorando o serviço dela num
processo que pode levar seis anos. Apenas em 20% dos casos, elas se recuperam e
conseguem retornar ao mercado”, esclarece Fonseca.
Agência Brasil
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