Ex-prefeito de Campinas e Delúbio Soares viram réus
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos
da Operação Lava Jato em Curitiba, aceitou nesta sexta-feira a denúncia
oferecida pelo Ministério Público Federal contra o ex-prefeito de Campinas
Hélio de Oliveira Santos, conhecido como Doutor Hélio (PDT), o ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares, o empresário Natalino Bertin e outros três acusados pela
força-tarefa da Lava Jato por lavagem de dinheiro. Os crimes teriam sido
cometidos na distribuição a campanhas políticas de parte do empréstimo de 12 milhões
de reais feito em 2004 pelo Banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai, que
nunca foi pago e acabou compensado por um contrato bilionário da empreiteira
Schahin com a Petrobras.
Ao receber a denúncia do MPF, o magistrado disse haver
provas de que os seis acusados cometeram o crime. Na denúncia oferecida a Moro,
os procuradores da Lava Jato descreveram, com base no rastreamento bancário dos
denunciados, como se distribuiu metade do valor do empréstimo milionário.
A pedido do PT, segundo a denúncia, o frigorífico Bertin
recebeu os valores do Banco Schahin e pagou 95.000 reais à King Graf,
fornecedora da campanha do PT em Campinas em 2004, 3,9 milhões de reais à NDEC
Núcleo de Desenvolvimento de Comunicação e à Omny Par Empreendimentos e
Consultoria, prestadoras de serviços da campanha de Doutor Hélio naquele ano, e
150.000 reais ao escritório Castellar Modesto Guimarães Filho, para bancar a
defesa do empresário e lobista Laerte de Arruda Corrêa Júnior, já falecido.
Além de Hélio, Delúbio e Bertin, também viraram réus os
publicitários Armando Peralta Barbosa e Giovani Favieri, donos da NDEC e da
Omny, e o ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin. Segundo o Ministério
Público Federal, Barbosa, Favieri, Tordin e o ex-tesoureiro do PT participaram
de reuniões para discutir o empréstimo fraudulento a Bumlai, já condenado a
nove anos e dez meses de prisão na Lava Jato.
Esta é a segunda ação penal aberta por Sergio Moro contra
Delúbio Soares na Lava Jato por lavagem de dinheiro. Condenado a seis anos e
oito meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do
mensalão, Delúbio é réu no
processo que apura a distribuição dos outros seis milhões de reais do
empréstimo do Schahin ao empresário Ronan Maria Pinto por meio de empresas do
operador do mensalão, Marcos Valério.
Doutor Hélio teve o
mandato cassado pela Câmara Municipal de Campinas em 2011,
acusado de omissão diante da corrupção na companhia municipal Sanasa,
negligência na defesa do bem público na aprovação de loteamentos irregulares e
procedimento incompatível com o cargo na aprovação da instalação de antenas de
telefonia celular na cidade.
Embora enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Hélio voltou a
se candidatar à prefeitura de Campinas nas eleições municipais deste ano. Teve
a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e recorreu da
decisão, o que garantiu seu nome na urna eletrônica. Os 27.915 votos que
recebeu foram anulados pela Justiça Eleitoral.
Portal Revista VEJA
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