Senado gastou R$ 400 mil em aparelhos
Em uma ação de enorme repercussão política, a Polícia Federal,
obedecendo ordens de um juiz, prendeu quatro integrantes da polícia legislativa
que obedeciam ordens do presidente do senado, acusados de atrapalhar
investigações da Operação Lava Jato.
O impacto político do que aconteceu é bastante claro: o
juiz que mando prender integrantes da Polícia Legislativa os acusa de terem
formado uma associação criminosa que foi usada por parlamentares para, de
alguma maneira, se proteger de investigações da Lava Jato.
O mundo político ficou em silêncio. Quem apareceu no Congresso não
quis gravar entrevista. A equipe da TV Globo teve acesso ao inquérito que deu
origem à operação, que só começou porque dois policiais que não aceitaram
cumprir a determinação de fazer as varreduras de escutas ambientais decidiram
contar o que sabiam para a força-tarefa da Lava Jato. Eles citaram os lugares onde esse trabalho foi feito
dentro e fora do Congresso e de Brasília.
Também que foi depois que os senadores passaram a ser investigados na Lava
Jato, no ano passado, que o Senado comprou
equipamentos de última geração para varrer escutas e também para fazer
interceptações. Um gasto de mais de R$ 400 mil.
O ministro da justiça deu os limites da operação. "O
que está sendo investigado é o desvio de finalidade de quatro integrantes da
polícia do Senado Federal que teriam utilizado as próprias atribuições da
polícia do Senado Federal com a finalidade, em tese, uma finalidade ilícita.
Qual? A obstrução a uma investigação da Lava Jato", declara Alexandre de
Moraes.
Segundo o MP, os policiais presos tinham plena
consciência da ilicitude de seus atos e ainda foram avisados pelo setor
jurídico da polícia do Senado "que isso poderia interferir em
investigações".
O juiz federal que autorizou a operação, Vallisney de
Souza Oliveira, afirmou que os fatos são "gravíssimos" e que as
prisões eram necessárias para paralisar condutas criminosas.
Em nota, o presidente do Senado, Renan
Calheiros, disse que a polícia legislativa exerce suas atividades
dentro do que preceitua a constituição, as leis e o regulamento do Senado, e
que atividades como a varredura de escutas ambientais restringem-se a detecção
de grampos ilegais, sendo impossível diagnosticar quaisquer outros tipos de monitoramento
feito pelas empresas de telefonia. Afirmou ainda que as instituições devem
guardar os limites de suas atribuições legais e que a independência dos
poderes, as garantias individuais e coletivas, liberdade de expressão e
presunção de inocência precisam ser reiterados.
O senador Fernando Collor, do PTC, negou ter se
beneficiado de qualquer ação da polícia do Senado que não fosse dentro das
funções institucionais.
A senadora Gleisi
Hoffmann, do PT, disse que pediu varreduras em suas residências logo
após operação de busca e apreensão da Polícia Federal, quando o marido dela,
Paulo Bernardo, foi preso. Segundo Gleisi, tudo foi feito de acordo com as
normas do Senado.
A defesa de Lobão Filho, do PMDB, confirmou que foram
feitas varreduras no gabinete dele, mas disse que o objetivo era saber se
existia alguma escuta ilegal, sem nenhuma relação com suposta obstrução à
Lava Jato.
A defesa do ex-senador José Sarney,
do PMDB, disse que ele ficou perplexo com a acusação, porque como ex-senador
não usa mais os serviços da Polícia Legislativa.
Fonte: Portal G1
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