Polícia Federal indicia Lula e Marisa
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no inquérito que investiga o tríplex do Condomínio Solaris, no
Guarujá, litoral paulista. O petista é alvo de três investigações centrais
na Operação Lava Jato, em Curitiba – sede do escândalo de cartel e
corrupção na Petrobrás. Ele foi enquadrado por crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro e falsidade ideológica. A ex-primeira-dama Marisa Letícia e o
ex-presidente do Instituto Lula Paulo Okamotto também foram indiciados.
Lula foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e falsidade ideológica. Dona Marisa por corrupção e lavagem. A
conclusão do delegado Márcio Adriano Anselmo é que o casal “foi beneficiário de
vantagens ilícitas, por parte da OAS, em valores que alcançaram R$ 2,4 milhões
referentes as obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris, bem
como no custeio de armazenamento de bens do casal”.
A apuração do inquérito teve como ponto central reforma
realizada no tríplex, construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do
sindicato dos bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto – preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e
recebeu benfeitorias da empreiteira, acusada de corrupção na Petrobrás.
O ex-presidente seria o verdadeiro dono do tríplex- a defesa do petista
nega taxativamente.
Paulo Okamoto |
Além da reforma e compra de equipamentos para o tríplex
do Guarujá, o indiciamento aponta o custeio pela Odebrecht de armazenamento de
bens do de Lula na empresa Granero Transporte, que foram custeados pela OAS.
“(Lula) recebeu vantagem indevida por parte de José
Aldemário Pinheiro e Paulo Gordilho, presidente e engenheiro da OAS,
consistente na realização de reformas no apartamento 174”, informa o
indiciamento. O imóvel recebeu obras avaliadas em R$ 777 mil, móveis no total
de R$ 320 mil e eletrodomésticos no valor de R$ 19 mil – totalizando R$ 1,1
milhão.
Foi apontado ainda o custeio de R$ 1,3 milhão pela OAS
pelo armazenamento de bens do acervo presidencial, mantidos pela Granero de
2011 a 2016.
É o primeiro indiciamento formal contra Lula, nas
apurações da Lava Jato em Curitiba. A conclusão do inquérito da PF, com o
indiciamento dos investigados, antecede a denúncia criminal a ser apresentada
pelo Ministério Público Federal ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os
processos do caso em primeira instância. Os procuradores pediram 90 dias para
oferecer denúncia no caso.
Além da corrupção e lavagem no recebimentos dessas
“benesses” por parte da OAS, empresa acusada de cartel e propinas na Petrobrás,
Lula foi indiciado por falsidade ideológica. A imputação trata de “contrato de
prestação de serviços de armazenagem junto à Granero”.
Investigadores da força-tarefa, em Curitiba, reuniram
elementos para apontar a participação de Lula no esquema de cartel e
corrupção que vigorou de 2004 a 2014, na Petrobrás – e teria sido espelhado em
outras áreas do governo, como contratos do setor de energia, concessões de
aeroportos e rodovias. Com base em uma sistemática padrão de corrupção como
“regra do jogo”, empreiteiras, em conluio com agentes públicos e políticos
da base, PT, PMDB e PP, em especial, desviavam de 1% a 3% em contratos das
estatais. Um rombo de pelo menos R$ 6,2 bilhões, só na Petrobrás.
Lula teria recebido “benesses” das empreiteiras do
cartel, como Odebrecht, OAS e outras. Executivos dos dois grupos
empresariais negociam desde o início do ano acordos de delação premiada com o
Ministério Público Federal – a da OAS foi encerrada nesta semana pela
Procuradoria Geral da República (PGR).
Nas mensagens encontradas nos celulares apreendidos
do ex-presidente da OAS e do engenheiro do grupo há elementos, para a PF, de
que o casal Lula orientou as reformas no apartamento do Guarujá.
Agência Estado
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