Senado deu o
penúltimo passo
Foto: Reprodução |
O resultado da chamada fase de pronúncia foi anunciado
após 15 horas e meia de sessão – em que apoiadores da presidente afastada
lançaram mão de artifícios para retardar ainda mais os trabalhos. Já sabiam que
a derrota de Dilma era certa. Abusaram, como de praxe da falsa argumentação de
que a presidente afastada foi vítima de um ‘golpe’. Diante da possibilidade de
manobras protelatórias e do discurso a que cada um dos 81 senadores tem
direito, a previsão inicial era de que a sessão desta terça se arrastasse por
30 horas. Mas integrantes da base do governo Temer tomaram medidas para
acelerar os trabalhos. No PSDB, apenas o presidente da sigla, senador Aécio
Neves (MG), discursou. Seguindo o exemplo da legenda, oito parlamentares
retiraram o nome da lista de inscritos para discursar.
As primeiras horas da sessão foram gastas na discussão de
questões de ordem. Todos os pedidos foram negados pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que presidiu os trabalhos. Membros
da nova oposição apresentaram oito questionamentos. Dois deles, de autoria de
Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), pediam a suspensão da
sessão para que se aguardem os desdobramentos da Operação Lava Jato com base
nas delações de executivos da Odebrecht. “São questões estranhas ao objeto da
presente sessão. Aqui se trata especificamente de analisar a pronúncia da
presidente afastada”, disse Lewandowski.
Aliados de Dilma também pediram a suspeição do
relator do impeachment, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). E que fossem
retirados do relatório os dados sobre o Plano Safra. Houve ainda
questionamentos para que a sessão fosse suspensa até a votação das contas
do governo de 2015 pelo Tribunal de Contas da União e pelo Congresso.
Lewandowski insistiu que questões de ordem só podem ser usadas para
esclarecimentos sobre o rito, e não para mudanças que podem alterar o processo.
“Não caberia ao presidente do STF de forma monocrática dizer o que deve ou não
ser”, afirmou.
Após quase quinze horas de discursos, incluindo meia hora
para a acusação e outra meia hora para a defesa da presidente afastada, e
antes da votação do mérito do parecer de Anastasia, os questionamentos
preliminares da defesa foram votados em destaques.
As reclamações a respeito da pendência do julgamento nas
contas da gestão petista e a suspeição de Anastasia foram unificadas em um
único debate. Os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Ronaldo Caiado
(DEM-GO), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-PR), dois
contrários e dois favoráveis à aprovação das preliminares, se revezaram em
encaminhamentos de cinco minutos. Depois das explanações sobre os
questionamentos da defesa, os senadores decidiram por 59 votos a 21
rejeitá-las e manter o texto do tucano.
Em seguida, Humberto Costa, Cássio Cunha Lima, Jorge
Vianna (PT-AC) e Simone Tebet (PMDB-MS) se intercalaram em manifestações
contrárias e favoráveis ao parecer de Anastasia. Por fim, o plenário do
Senado decidiu favoravelmente ao texto do mineiro também por 59 votos
favoráveis e 21 contrários e tornou Dilma Rousseff ré por crimes de
responsabilidade. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), não votou.
Com veja.com/conteúdo
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