Dilma fala em golpe e propõe plebiscito
Em texto a senadores e à população, Dilma diz que seu
retorno à Presidência colaboraria com 'o surgimento de uma nova e promissora
realidade política'
Embora 367 deputados e, atualmente, 59 senadores defendam
o impeachment de Dilma por crimes de responsabilidade em decretos de créditos
suplementares e pedaladas fiscais no Plano Safra, a petista classifica os atos
como “legais e necessários” e garante que “todos sabem que não cometi crime de
responsabilidade”.
Ré por crime de
responsabilidade no processo de impeachment que corre no Senado, a
presidente afastada Dilma Rousseff leu nesta terça-feira uma carta endereçada
aos senadores, que votarão no final do mês se ela será ou não definitivamente
afastada do cargo, e à população. No pronunciamento no Palácio da Alvorada,
quartel general de Dilma e aliados próximos desde que ela foi afastada da
Presidência, em maio, a petista falou brevemente em erros cometidos em seu
governo, propôs um plebiscito para consultar os brasileiros a respeito de uma
nova (e inconstitucional) eleição presidencial e, sobretudo, reverberou o
mantra de “golpe”.
“Meu retorno à Presidência por uma decisão do Senado significará
a reafirmação do estado democrático de direito e poderá contribuir
decisivamente para o surgimento de uma nova e promissora realidade política”,
afirmou Dilma. Ao lado dos ex-ministros petistas Jaques Wagner, Miguel
Rossetto, Ricardo Berzoini e Aloizio Mercadante, ela disse acolher com
“humildade e determinação” as críticas por seus erros políticos e econômicos –
mas, como de praxe, não admitiu nenhuma falha.
Pela “pacificação do país” e contra o que chamou de
“eleição indireta” no processo deflagrado pela Câmara e prestes a ser concluído
no Senado, Dilma Rousseff declarou claramente que apoiará “um plebiscito para
consultar a população sobre a realização antecipada de eleições, bem como a
reforma política e eleitoral. Devemos concentrar esforços para que seja
realizada uma ampla reforma política, que supere a fragmentação de partidos,
moralize o financiamento das campanhas eleitorais”. Só faltou dizer que a
modificação da periodicidade das eleições esbarra em uma cláusula pétrea da
Constituição: o inciso dois, parágrafo quarto, do artigo 60 da Carta.
Para Dilma Rousseff, sua desastrada gestão foi
atrapalhada por pautas-bomba “irresponsáveis” no Congresso e seu afastamento se
dá pelo que ela chama de “conjunto da obra”. “Quem afasta o presidente pelo
conjunto da obra é o povo, e só o povo, nas eleições, por isso afirmamos que se
consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de
estado”, concluiu.
Fonte: veja.com
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