PF apura propina de R$ 2,4 milhões
A Operação Resta Um, 33.ª fase da Lava Jato, cita suposto
repasse de valores via caixa 2 da Queiroz Galvão, via Consórcio Quip – do qual
a empreiteira era a majoritária – , para a campanha da reeleição do
ex-presidente Lula, em 2006. A informação foi divulgada pela força-tarefa do
Ministério Público Federal e da Polícia Federal nesta terça-feira, 2. Os
investigadores citam o ex-tesoureiro da campanha de Lula à reeleição em 2006,
José de Filippi Júnior, que teria captado R$ 2,4 milhões naquele ano.
Na decisão que autoriza Resta Um, o juiz federal Sérgio
Moro destaca trecho da delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC
Engenharia – ‘descreveu como os valores foram repassados a José de Filippi
Júnior, então tesoureiro da campanha eleitoral de 2006 do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva’.
O relato do empreiteiro foi confirmado por Walmir
Pinheiro Santana, diretor financeiro da UTC, que também fez delação premiada.
Resta Um foi deflagrada nesta terça-feira, 2, e culminou
com a prisão de dois executivos ligados à Queiroz Galvão, Ildefonso Colares e
Othon Zanóide – ambos foram presos em caráter preventivo, por ordem do juiz
federal Sérgio Moro.
Ao deflagrar Resta Um, o juiz federal Sérgio Moro
destacou o suposto repasse recursos ilícitos para a campanha de Lula, há dez
anos. “O montante entregue teria sido de R$ 2,4 milhões em espécie, Os valores
chegavam à Walmir Pinheiro Santana via portador da Quip (consórcio) e eram
entregues por ele ou pelo próprio Ricardo Ribeiro Pessoa diretamente a José de
Filippi Júnior no cômite de campanha do ex-presidente.”
Ricardo Pessoa ainda revelou, em outro depoimento, o
repasse de propinas pelo Consórcio Quip diretamente ao PT.
José Fillipi Jr |
O juiz da Lava Jato transcreveu trechos do relato do
empreiteiro:
“”Que Filippi, na condição de tesoureiro, recebeu R$
2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais) destinados pelo consórcio
Quip, responsável pela obra da Plataforma P53 da Petrobrás, à campanha de Lula
à Presidência da República em 2006; Que tal doação foi feita de forma não
oficial, tendo sido entregue em dinheiro pelo declarante e por Walmir
Pinheiro, do setor financeiro da UTC, diretamente a Filippi; Que Filippi solicitou
que a contribuição fosse feita em espécie; Que, pelo que o declarante se
recorda, quando Filippi solicitou tal doação à campanha de Lula em
2006, Filippi era prefeito de Diadema/SP; Que a solicitação da
contribuição em referência não chegou diretamente à UTC, tendo sido feita
à Quip, consórcio encarregado da construção da P53, formado pela Queiroz
Galvão, pela UTC, pela IESA e pela Camargo Corrêa; Que a solicitação foi feita
diretamente a alguém da Queiroz Galvão, que era a líder do consórcio,
inclusive com a maior participação; Que o declarante não sabe a quem
especificamente a solicitação foi feita no âmbito da Queiroz Galvão; Que
o atendimento da solicitação foi aprovado pelo conselho da Quip, em uma
reunião entre o declarante (UTC), Ildefonso Colares (Queiroz Galvão),
Valdir Carreiro (IESA) e Camerato (Camargo Corrêa).”
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