“Lula sempre ganhou mensalinho da OAS”
O engenheiro Zuleido Veras conhece bem o ambiente de
promiscuidade que existe entre o mundo político e as empreiteiras de obras
públicas. Em 2007, Veras foi preso em uma operação da Polícia Federal, acusado
de pagar propina em troca de contratos milionários no governo - um roteiro de
corrupção muito similar ao do hoje famoso petrolão. Dono da construtora
Gautama, o empreiteiro ficou doze dias na cadeia, respondeu ao processo em
liberdade e, neste ano, o Supremo Tribunal Federal considerou nulas as provas
contra ele.
Na década de 80, antes de abrir o próprio negócio, Veras ocupou
durante dez anos um cargo importante na OAS, uma das empreiteiras envolvidas no
escândalo de pagamentos de suborno da Petrobras. Trabalhou ao lado de Léo
Pinheiro, ex-presidente da OAS e hoje um dos condenados no esquema de fraudes
na estatal. Nesse período, Veras testemunhou o início de um relacionamento que
pode explicar muito sobre alguns eventos ainda em apuração na Operação
Lava-Jato.
Além dos golpes contra a Petrobras, Léo Pinheiro está
sendo investigado por ter pago propina a políticos importantes, entre eles o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, suspeito de ter recebido de presente
da empreiteira um tríplex numa praia do Guarujá e a reforma de um sítio em
Atibaia, ambos no Estado de São Paulo. Em entrevista a VEJA, Zuleido Veras conta
que as relações financeiras entre Lula e a OAS reveladas pela Lava-Jato não o
surpreenderam: elas existiam desde que o ex-presidente ainda era apenas um
político promissor. O empresário afirma que Léo Pinheiro sempre deu dinheiro a
Lula para "sua sobrevivência", valores que hoje ficariam entre
"30.000, 20.000, 10.000 reais", e também ajudava "por fora"
nas campanhas políticas do ex-presidente. Em troca, os petistas estendiam a
mão aos interesses da OAS. Veras também diz que o petrolão foi criado no governo
Lula com a missão de garantir recursos para eleger Dilma.
(Com veja.com/conteúdo)
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