segunda-feira, 30 de março de 2015

Blog do Noblat

Artigo do jornalista Carlos Alberto Di Franco publicado no Blog do Noblat, no jornal O Globo desta segunda-feira, dia 30 de março.

Brasil verde-amarelo
Para o ex-presidente Lula, jornalismo bom é o que fala bem. Jornalismo que apura e opina com isenção incomoda, irrita e “provoca azia”

Carlos Alberto Di Franco*
30/03/2015


Domingo, 15 de março de 2015. Não foi o registro de mais um movimento de protesto contra o governo. Foi diferente. Assistiu-se ao estopim de um movimento de cidadania que tem tudo para mudar a cara do País.

No dia em que o Brasil completou 30 anos da redemocratização, pelo menos 2 milhões de pessoas foram às ruas em todos os estados protestar contra o governo Dilma e o PT, defendendo a democracia, a ética e o fim da impunidade. O maior ato ocorreu em São Paulo, onde cerca de um milhão de pessoas tomou a Avenida Paulista.

Vestiram-se as praças e avenidas de verde-amarelo, diferentemente das marchas de centrais sindicais e movimentos sociais na sexta-feira, quando o vermelho do PT predominou. O contraste, simbólico, transmitiu um forte recado: o Brasil não é do PT, do PMDB ou do PSDB. É dos brasileiros.

A corrupção, sem precedentes, despertou algo que estava adormecido na alma dos brasileiros: o exercício da cidadania. O povo percebeu, finalmente, que os governantes são representantes da sociedade, mas não donos do poder. Os brasileiros não estão dispostos a renunciar aos valores que compõem a essência da nossa história: independência, paixão pela liberdade e a prática da tolerância.

O governo petista, no entanto,  manifesta crescente insatisfação com o trabalho da imprensa. Para o ex-presidente Lula - um político que deve muito à liberdade de imprensa e de expressão-, jornalismo bom é o que fala bem. Jornalismo que apura e opina com isenção incomoda, irrita e “provoca azia”. Está, na visão de Lula, a serviço da “elite brasileira”.

Além da defesa da liberdade de imprensa e de expressão, as passeatas deram outro recado: o do repúdio à intolerância. A radicalização ideológica não tem a cara do brasileiro. O PT tenta dividir o Brasil ao meio. Jogar pobres contra ricos, negros contra brancos, homos contra heteros. Quer substituir o Brasil da alegria pelo país do ódio e da divisão. Tenta arrancar com o fórceps da luta de classes o espírito mágico dos brasileiros. Procura extirpar o DNA, a alma de um povo bom, aberto e multicolorido.  Não quer o Brasil café com leite.

Está surgindo, de forma acelerada, uma nova “democracia” totalitária e ditatorial, que pretende espoliar milhões de cidadãos do direito fundamental de opinar, elemento essencial da democracia. Mas ninguém, ninguém mesmo, impedirá o cumprimento do primeiro mandamento da nossa profissão: transmitir a verdade dos fatos. 
*Jornalista

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