sexta-feira, 11 de julho de 2014

Opinião

Bom  Dia!


Declaro, publicamente, que não solicitei permissão ao David Coimbra para reproduzir seu artigo publicado na ZH de hoje. Corro o risco de ser interpelado, mas acredito que o David vai entender que um texto brilhante como o dele, merece ser compartilhado. Foi o que fiz. Decidi dividir com vocês o artigo do jornalista de ZH e que reflete, de maneira clara, sem deixar qualquer dúvida, sobre o que ocorre no Brasil. Faz muito tempo que venho afirmando, aqui, que quem não idolatra o governo e os governistas, é reacionário de direita. Ou canalha, como diz o David.  Leia e reflita.


Governista ou canalha?

David  Coimbra:*

 

Ou você é governista, ou é canalha. É assim, no Brasil do século 21. Antes, um jornalista, por exemplo, se fosse governista, chamavam-no de “chapa-branca”. Hoje, se 
o jornalista não é governista, chamam-no de chapa-branca. Como o governo conseguiu essa façanha?
É a aposta no seccionamento da sociedade. Aparta-se alguns para ganhar outros tantos. O governo é a favor dos pobres; logo, quem é contra o governo é contra os pobres. Os governistas eram contra a ditadura; logo, quem critica os governistas é a favor da ditadura. Onde estão os negros, que não são vistos nos estádios da Copa, onde se vaia a presidente? Estão nos mocambos do Brasil, abençoando a mão maternal do governo. Elite branca versus negros pobres, esse é o jogo promovido pelo governo.
Eu, aqui, prefiro ser chamado de canalha a ser governista. Quero poder criticar o governo, qualquer governo, em qualquer tempo. Quero poder reclamar, como jornalista em segundo lugar, como cidadão em primeiro. E elogiar também, se for o caso.
Até porque todos os governos do Brasil tiveram defeitos e qualidades, como sói acontecer com os governos todos. O busílis é que, no Brasil, os governos só deram e só dão atenção a supostas necessidades materiais da população. Isso é fácil. Ou menos difícil.
O Brasil é um país com vocação para o crescimento material. Sempre cresceu materialmente, mesmo nos piores momentos. O pior talvez tenha sido o governo de Sarney, na época da hiperinflação. E mesmo assim o Brasil foi para frente, graças à variedade de seu parque industrial, à pujança da sua agropecuária, à capacidade de trabalho de um povo multiétnico.
Moralmente, porém, o Brasil só submerge. A decadência moral do Brasil é palpável e se aprofunda a cada ano. E, quando o governo aposta na divisão da sociedade, essa desintegração só faz aumentar.
A força do Brasil está na sua variedade, na coabitação das suas diferenças. Existe racismo, discriminação, preconceito? Claro que sim. Onde não há? Mas existe também natural miscigenação e convivência pacífica. Todos somos brasileiros. 
O governo vai faturar com a realização desta bela Copa do Mundo? Decerto que sim, e é justo que fature. Vai perder com o vexame da Seleção? Espero que não, não é culpa do governo. Lula foi um visionário ao candidatar o país para sediar a Copa. Lula agiu como estadista, porque foi um estadista. Fernando Henrique também. Dilma, não. 
Dilma não é uma carismática. É uma técnica, é de executar, não de ideias, não de liderar. Se o governo acertou ao propor a Copa, errou na condução dos negócios da Copa. Houve gastança desnecessária em estádios desnecessários, houve atrasos imperdoáveis, obras inacabadas e improvisos que podem até ter ocasionado acidentes como o desabamento do viaduto em Minas.
A Copa é um sucesso. A maioria das ações do governo na Copa, não. O governo merece seu quinhão de aplausos, e outro tanto de apupos. E podem me chamar de canalha.

*Jornalista – Coluna publicada na página 2 de ZH, hoje, 11 de julho

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