Direito de greve
Entramos no 15º dia de greve do transporte coletivo em Porto
Alegre. Tem muita gente e muitos setores sofrendo com a paralisação dos rodoviários.
Tem trabalhador que não consegue trabalhar, tem lojista querendo fechar as
portas, restaurante no prejuízo, sem falar na dificuldade que as pessoas mais pobres
enfrentam para chegar aos postos de saúde para aquela consulta agendada faz
muito tempo.
A greve, em si, já extrapolou todos os limites e agora, para
completar, passa a receber o apoio de sindicalistas de outros estados. Alguns já
chegaram e, unidos a representantes de outras categorias e movimentos políticos,
estão, ou estavam, acorrentados em frente ao prédio da prefeitura de Porto
Alegre. Com que intenção, confesso que não sei. Sei que não se trata de
reivindicar nada em favor dos rodoviários. A prefeitura não é o local adequado
pois o problema parece estar entre rodoviários e patrões, empresários do setor.
Os rodoviários querem aumento de salário e redução das horas trabalhadas. Quem
resolve isso é a Justiça do Trabalho e não o prefeito. Assim sendo, quero ver
os acorrentados resistirem ao calor de 40º, sob sol intenso, na Praça Montevidéu.
Paralelamente, ouvi na Rádio Gaúcha, hoje bem cedo, críticas
e comentários sobre a nova licitação, tão desejada, no transporte coletivo e
que não prevê veículos com ar condicionado. Diz a EPTC que a colocação de ar
nos veículos, significa aumento no custo da passagem, algo em torno de R$ 0,10.
Para comentaristas da Gaúcha e alguns ouvintes, trata-se de um absurdo não
exigir ar condicionado nos ônibus, principalmente em dias quentes como os
atuais. Afinal, dizem, são só R$ 0,10, o que não pesaria muito no orçamento dos
passageiros.
Depois de ouvir uma série enorme de argumentos, fiquei
pensando se não seria o caso de ouvir quem mais tem interesse na questão; os
usuários. Não seria o caso de saber a opinião do trabalhador que teria de
dispor de, no mínimo, mais R$ 0,20 por dia para desfrutar do conforto do ar
condicionado? Será que ele prefere o ar ou uma passagem mais barata? Ou, quem
sabe, pedir ao governo que desonere o óleo Diesel dos impostos pagos pelas
empresas? A tarifa não seria reduzida?
São coisas que me passaram pela cabeça enquanto ouvia um
monte de bobagens como: “quem sabe tiram os bancos dos ônibus”, ou “quem sabe
se elimina o motor dos ônibus”, como argumentos para baixar o valor da tarifa.
Enquanto isso, a Justiça cassou a liminar que proibia
piquetes em frente às garagens dos ônibus, em nome do direito de greve dos
rodoviários. Nada contra, mas será que não esqueceram do direito dos que querem
trabalhar?
Fiquem com Deus e tenham todos um Bom Dia!
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